Reduzindo a dor com tecnologia: Como a realidade virtual atua no processo de analgesia?

Thursday, 13 de January de 2022
  
A dor é um dos mecanismos fisiológicos do corpo humano. Sentimos dores como forma de indicar que algo de errado está acontecendo. Entretanto, apesar de ser um mecanismo evolutivo fisiológico humano, a dor pode causar sofrimento e se tornar um problema frequente. Em situações de cuidados médicos, como em casos de queimaduras, os cuidados com os curativos e com as feridas muitas vezes causam incômodos e são dolorosos aos pacientes.
 
Os procedimentos médicos aos queimados envolvem a limpeza da ferida e outros detritos a fim de evitar infecções. Eles acontecem com frequência, durante a emergência (72h após a lesão), na fase de desbridamento e limpeza das feridas (duas e três semanas), na fase de cicatrização (três a cinco semanas), e na fase de reabilitação, até a maturação da cicatriz, fazendo parte da rotina das pessoas que sofreram um acidente. 
 
Apesar de receberem anagésicos para aliviar a dor, os pacientes queimados geralmente permanecem conscientes durante o tratamento das queimaduras, portanto, a dor durante o desbridamento não cirúrgico de feridas graves é muitas vezes severa a excruciante.
 
Como forma terapêutica do tratamento para a dor, os medicamentos opióides são indicados para lesões provocadas por injúrias térmicas.  Eles são potentes analgésicos e apresentam um perfil farmacocinético com facilidade de absorção, distribuição e excreção. Suas propriedades farmacológicas são importantes no tratamentos dos queimados. Além da propriedade de analgesia os opióides provocam sedação e depressão respiratória. Portanto, são considerados Medicamentos Potencialmente Perigoso (MPP), principalmente, os opioides agonistas morfínicos. 
 
Outros eventos secundários provocados por esses medicamentos são: náusea, vômito, constipação, sedação, delirium, alucinações, hipotensão e pneumonia por aspiração. Dessa forma, pesquisadores tem utilizado da tecnologia para promover o avanço no tratamento dos queimados de forma não-farmacológica.



Para tanto, cientistas da universidade da Arábia Saudita em colaboração com cientistas Americanos, utilizaram a realidade virtual (RV) e o eye tracking como estratégia de analgesia. Estudos mostram que a tecnologia RV pode contribuir para o alívio da dor durante os procedimentos médicos, pois o ambiente imersivo serve como um distrator dos efeitos psicológicos provocados pelas lesões térmicas. 
 
Compreende-se como realidade virtual um ambiente projetado tridimensionalmente capaz de provocar imersão e interação do usuário com objetos virtuais. Ele tem sido usado como estratégia terapêutica em casos de fobia, comunicação e tetraplegia. Neste sentido, os pesquisadores observaram que a tecnologia RV pode contribuir no processo de analgesia, pois os pacientes têm a ilusão de estarem em outro lugar, reduzindo a nocicepção dos pacientes.
 
No estudo citado acima, os pesquisadores contaram com 48 voluntários saudáveis, os quais receberam estímulos dolorosos térmicos. Os sujeitos da pesquisa utilizaram o RV de forma passiva e de forma interativa por meio do uso do eye tracking. Os resultados sugerem que houve redução na escala de nocicepção dos voluntários ao relatarem o uso integrado do RV e o rastreamento ocular. 
 
Logo, o estudo concluiu que o RV e o eye tracking favorecem a imersão e a interatividade reduzindo a percepção dolorosa frente ao estímulo térmico em sujeitos saudáveis. 


Referências:

AL-GHAMDI, Najood A. et al. Virtual Reality Analgesia With Interactive Eye Tracking During Brief Thermal Pain Stimuli: A Randomized Controlled Trial (Crossover Design). Frontiers in Human Neuroscience, v. 13, 2019.

SILVA, Danielle de Mendonça Henrique et al. O uso seguro de opióides em pacientes queimados: fundamentando o cuidado de enfermagem. Revista Brasileira de Queimaduras, v. 13, n. 1, p. 6-10, 2014.
 

 

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Autor:

Tamara Nunes

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