Dessa forma, a pessoa tinha que observar a caixa, no caso o reflexo no espelho, com isso, ela vê o braço se movimento. Sempre que a pessoa visualizava o braço se movimento, era gerado uma ilusão de que um braço existia e que era capaz de se mover. Com isso, o cérebro começa a lutar com estímulos diferentes. Um estimulo visual que dizia que o membro estava ali, e uma falta de imputs sensoriais que não mostravam que o braço estava se movendo. Isso gerava uma divergência de informações cerebrais ao ponto das pessoas pararem de sentir o membro fantasma, porque o cérebro passava a acreditar a partir da ilusão visual que aquele membro voltava, ou seja, se reconectava ao corpo.
Mesmo começando nos pacientes amputados, essa terapia também se mostrou eficiente para pacientes com AVE. Qual ponto em comum? A paralisia aprendida. A pessoa que sofre um AVE, na fase aguda, fica sem movimentos, reflexos, e o cérebro as vezes aprende que aquele braço não movimenta. Por isso, a terapia espelho também é utilizada. Nela, o membro superior parético é colocado na caixa, a pessoa faz os movimentos com o lado sadio, com isso, a pessoa vê no espelho seu braço se movimento, isso gera uma ilusão forte e real que aquele braço está se movimentando de verdade, de modo a quebrar essa conexão porque o cérebro passa a acreditar que de fato aquele cérebro se movimento.
Outra coisa que explica a efetividade dessa técnica é a ativação do sistema de neurônios espelho. Esses neurônios foram descobertos por um grupo de pesquisadores na Itália enquanto eles estudavam o cérebro de um macaco. Ao mapear o cérebro do animais, eles percebiam que quando o macaco fazia uma determinada ação e quando ele observava alguém fazendo a mesma ação, as mesmas áreas eram ativadas. Ou seja, quando a pessoa está observando o reflexo no espelho e vê seu braço se mover, os neurônios espelhos são ativados, de modo que, aquela área que não está gerando aquele movimento também é ativada pela observação.
ISSO EXPLICA MUITA COISA DENTRO DA NEUROCIÊNCIA!!! Nosso processo de imitação, empatia, aprendizagem infantil. Surpreendente ne?!
Referências
ANTONIOTTI, Paola et al. No evidence of effectiveness of mirror therapy early after stroke: an assessor-blinded randomized controlled trial. Clinical rehabilitation, v. 33, n. 5, p. 885-893, 2019.
ARYA, Kamal Narayan; PANDIAN, Shanta; KUMAR, Vikas. Effect of activity-based mirror therapy on lower limb motor-recovery and gait in stroke: A randomised controlled trial. Neuropsychological rehabilitation, v. 29, n. 8, p. 1193-1210, 2019.
HAMZEI, Farsin et al. Anatomy of brain lesions after stroke predicts effectiveness of mirror therapy. The European Journal of Neuroscience, 2020.
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