Estudos e Aplicações Como mencionado na
Parte I - Desafios da Neuroimagem, muito do que foi observado nos estudos estruturais no campo da Maturação Neural diz respeito a alterações nas substâncias branca e cinzenta. Durante o desenvolvimento ocorre um aumento do nível de mielinização e, paralelamente, uma redução na densidade de fibras amielinizadas provocada pela poda sináptica. O que já está bem definido na literatura é que a mielinização dessas células torna sua comunicação mais rápida enquanto a poda traz mais eficiência à codificação neural [1]. Essa combinação de fatores pode contribuir para uma diminuição no tempo de reação frente a um estímulo e um aumento na capacidade de manipulação cognitiva, observada ao longo da infância, puberdade e início da vida adulta.
Essas alterações variam através das regiões cerebrais e seu real impacto sobre o comportamento ainda não parece bastante claro. Atualmente os esforços se voltam para explicar as diferenças entre as características aprendidas e adquiridas por experiência versus as alterações determinadas geneticamente. Nesse sentido, estudos que focam na conectividade das áreas parecem mais interessantes. Uma das técnicas que pode elucidar isso é a de Imagem por Difusão de Tensão - da sigla DTI, em inglês.
Figura 1: " [...] Imagem obtida pela técnica DTI [...] Os tratos apresentados incluem os fascículos longitudinais superiores (vermelho), corpo caloso (roxo), fascículo occipital inferior (azul claro), fascículos longitudinais inferiores (amarelo), fascículo uncinado (laranja); fórnix (laranja escuro); corona radiata (verde)". Tradução livre. Fonte: ALEXANDER (2007) [2]
A DTI opera de maneira não invasiva através de um equipamento de Ressonância Magnética e tem como produto final um coeficiente que aponta o índice de difusão de moléculas de água através de uma determinada região do tecido biológico. E você deve estar se perguntando, porque esse coeficiente é interessante? O que ocorre é que naturalmente as macromoléculas, substância branca, neurotransmissores e membranas que compõem esse tecido nervoso criam uma espécie de barreira à passagem da água. Sendo assim, sua difusão pode fornecer informações valiosas sobre a composição desses tecidos e o delineamento de sua arquitetura [3] . Essa ferramenta de fácil aplicação pode, por exemplo, estudar os níveis de mielinização em crianças sem causar nenhum tipo de desconforto o que é uma grande vantagem nesse cenário de pesquisa.
Na Brain Support temos a representação de alguns equipamentos que oferecem abordagens no estudo da conectividade através de uma perspectiva diferente. Através de interfaces EEG-fMRI [4] e também do fNIRS é possível realizar análises de conectividade funcional e assim explorar, por exemplo, a relação entre padrões de ativação e faixa etária [5]. Em suma, o que se observa é uma necessidade de adequação à metodologia experimental decorrente do avanço dos estudos e maior complexidade das questões. Esse refinamento proporcionado pela ciência exige cada vez mais o desenvolvimento de equipamentos que atuem de maneira sincronizada.
Esse conteúdo de rigor mais técnico é necessário para que, na sequência, possamos explorar outros impactos dessas janelas de vulnerabilidade no comportamento humano e assim entender um pouco mais dessa grande incógnita que é o ‘ser’.
Continuem atentos!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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