FAKE NEWS é muito mais subjetivo do que parece

Wednesday, 19 de January de 2022
Estudos demonstram que as Fake News estimulam a formação de falsas memórias no cérebro, sobretudo quando as notícias estão alinhadas com crenças pessoais. Falando em crenças, o assunto é bem mais complexo do que parece, pois, elas tem uma magnitude tão grande que são capazes de destruir a democracia e o estado laico de direito. E é nesse ponto que entram as Fake Newspois, atualmente elas têm ganhado destaque minando nossas crenças em pessoas, na democracia, no governo, e no estado laico de direito. Democracia... Estado... realmente existem, ou são invenções apoiadas por nossas crenças?

No entanto, embora o debate sobre Fake News atualmente venha ganhando expressividade, especialmente associado ao contexto político, é um tanto minimalista associar uma discussão tão ampla, profunda e atemporal apenas a um contexto especifico. Fake News não são apenas notícias falsas geradas na internet, mas, todo complexo de crenças presentes no subjetivo de cada um que são, muitas vezes, apoiadas pela cultura e instituições dominantes. O próprio subjetivo nos molda o tempo inteiro, porém, este não pode ser mensurado, e, por isso, muitas vezes não entra na discussão acerca de Fake News.

Para tornar o cenário ainda mais complexo, as redes sociais vem a cada dia se transformando em um campo de batalha. Com a massificação da comunicação móvel, e o “boom” das redes sociais cada usuário é um produtor de conteúdo em potencial, que se espalha rapidamente multiplicando exponencialmente o volume de informação disponível para o público, mas, a grande questão é a veracidade dessas fontes. O resultado disso é um tanto antagônico: de um lado, abre-se espaço para maior liberdade de expressão e participação democrática sem censura. De outro, cresce a força dos boatos e notícias deliberadamente de fontes muitas vezes não confiáveis que se espalham com rapidez colocando em risco muitas vezes a ordem vigente. Mas, vale destacar que esse comportamento sempre existiu, o que mudou apenas foi a velocidade dessas informações.


Fake News vindas da internet ou vindas de um amplo espectro de crenças, cultura, religião, a própria instituição familiar e o que acreditamos sobre a morte acabam sendo a mesma ferramenta, só que, sendo usada em contextos diferentes, mas, a finalidade acaba sendo a mesma – enganar nosso cérebro moldar nossos comportamentos, e, muitas vezes, limitar a nossa forma de pensar. Para exemplificar o exposto, estudos de neurociência demonstram que nosso cérebro apresenta uma tendência em propagar Fake News. As explicações para isso muitas vezes são motivadas em crenças pessoais. Ou seja, os processos cognitivos das pessoas tem a tendência de acreditar no que entra em consenso com nossa visão de mundo. Dessa forma, seria uma forma “preguiçosa” do cérebro se comportar e se proteger, afinal, é bem mais fácil acreditar e propagar aquilo que já é apoiado por nossas crenças e ideologias não é mesmo?

 


No contexto de redes sociais, é interessante desmistificar a ideia de Fake News associadas a
mentiras, na verdade, elas podem ser consideradas uma espécie de “pseudoverdades”Ou seja, unir informações utilizadas em contextos diferentes e criar meias verdades com a função de influenciar a opinião dos outros, produzindo, muitas vezes, um discurso de ódio nas pessoas: PESSOAS CONTRA PESSOAS, PESSOAS CONTRA O ESTADO... causando a separação da nação. A nível individual, quando modulamos nosso cérebro a agir dessa maneira influenciada pelas Fake News, é como se estivéssemos impedindo esse cérebro de funcionar por completo, ou seja, recrutando menos áreas para seu funcionamento (Blocked). Dessa forma, ELAS INFLUÊNCIAM TANTO NO CONTEXTO COLETIVO COMO INDIVIDUAL!

Como já dizia Benedetto Croce:

“A cultura histórica tem o objetivo de manter viva a consciência que a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor, de si mesma.”

Então,

  • Cuidado com o que vocês acreditam como verdades absolutas, na verdade, cuidado com o termo “verdades”!
  • Cuidado com o poder das suas crenças individuais e o tanto que elas podem influenciar no ordem maior (estado de direito)”
  • Cuidado com a influência externas nos pensamentos individuais.

 


Referências

LIV, Nadine; GREENBAUM, Dov. Deep Fakes and Memory Malleability: False Memories in the Service of Fake News. AJOB neuroscience, v. 11, n. 2, p. 96-104, 2020.

MURPHY, Gillian et al. False Memories for Fake News During Ireland’s Abortion Referendum. Psychological science, v. 30, n. 10, p. 1449-1459, 2019.

PENNYCOOK, Gordon; RAND, David G. Lazy, not biased: Susceptibility to partisan fake news is better explained by lack of reasoning than by motivated reasoning. Cognition, v. 188, p. 39-50, 2019.

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Autor: Livia Nascimento Rabelo
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