Em relação aos mecanismos fisiológicos da memória envolvidos na ECP, estudos mostraram importantes influências sobre neurogênese, plasticidade sináptica e potenciais elétricos cerebrais.
Neurogênese
Sabe-se que a ECP de alta frequência no hipocampo ou em outras áreas relacionadas aumenta a neurogênese local. Trabalhos realizados com roedores mostraram que ECP de alta frequência nas áreas do tálamo, córtex pré-frontal medial ou no córtex entorrinal aumentam a neurogênese no giro denteado do hipocampo como em outras áreas do hipocampo causando efeitos pró-cognitivos relacionados a memória espacial de longo prazo e da memória de reconhecimento de objetos. Entretanto, alguns outros trabalhos demonstraram que potencialização da memória pode acontecer independentemente do processo de neurogênese, além de demonstrarem a piora da memória com o aumento da neurogênese a longo prazo.
Neurotransmissores
Algumas evidências mostram que o ECP é responsável aumento da atividade axonal distal estimulando dessa forma a liberação de alguns neurotransmissores. O ECP nas regiões do núcleo accumbens, cortéx pré frontal médio e fórnix demonstraram aumento respectivamente dos níveis de acetilcolina, serotonina e glutamato no hipocampo, neurotransmissores excitatórios importantes no processo de aprendizagem e memória. Esses achados também demonstraram o aprimoramento da memória espacial e de discriminação. No entanto, também foi observado por outros autores a diminuição de acetilcolina após a ECP, além de demonstrar que o aumento decorrente da estimulação de glutamato, piorou a memória de ratos.
Eletrofisiologia
Em relação a influência da ECP sobre a atividade elétrica cerebral, a partir do implante também de microeletrodos de aquisição de potenciais de campo locais (LFP), foi observado uma mudança nos potenciais elétricos relacionadas ao aumento no hipocampo das oscilações teta e gama, sincronização de gama e acoplamento teta-gama. Todos esses eventos estão relacionados com o processo de aprendizagem, codificação de novas memórias verbais e recuperação de memórias. Uma explicação para isso é que o ECP imita os padrões oscilatórios predominantes nesses processos, potencializando-os. Entretanto, a literatura também tem demonstrado alguns achados controversos em relação a ECP e os aspectos no processo de aprimoramento da memória.
Além de todas essa mudanças, também pode ser observado uma variação no tipo de influência do ECP com o período em que a estimulação é aplicada. Evidências mostraram que os efeitos benéficos da ECP sobre a memória foram observados na maioria dos trabalhos antes dos testes comportamentais, ou seja, a ECP se mostra mais eficiente quando é aplicada previamente a qualquer tipo de atividade que estimule a aprendizagem e potencialize a memória. Já outros trabalhos que realizaram a ECP durante ou após a tarefa, demonstraram piora ou não potencialização da memória.
Desenho experimental:
Para que todas essas lacunas existentes até a data envolvendo a utilização do ECP na melhora da memória sejam respondidas, é importante levarmos em conta todos os aspectos ainda não esclarecidos aqui citados. Logo, é importante uma investigação da utilização de ECP de altas e baixas frequências antes, durante e depois de cada atividade comportamental ligada à aprendizagem e memória (como labirinto de água de Morris por exemplo) . Para isso, para modelos animais, é importante separá-los em grupos com esses fatores variantes e investigar os aspectos relacionados à neurotransmissores, neurogênese e eletrofisiologia (Figura abaixo).
Fique atento que dia 21 de Agosto às 13 horas vai ocorrer uma programação especial no Brain Tv Channel sobre eletroestimulação e memória, fique ligado! Por enquanto, assista nossos vídeos sobre o assunto:
Referências:
Tan, Shawn Zheng Kai, et al. "The Paradoxical Effect of Deep Brain Stimulation on Memory." Aging and disease 11.1 (2020): 179.