Alguma vez durante a preparação de um participante de pesquisa você se deparou com todos os leds dos eletrodos vermelhos mesmo após ter passado 10, 20, 30 minutos tentando diminuir a impedância e se desesperou sem saber mais o que fazer? Se sim, esse blog é para você ????
Normalmente, quando estamos começando a fazer coletas com o EEG passamos por algumas (ou várias) dificuldades até que aprendemos a como driblar certos problemas, como acontece com a maioria das coisas. Com o EEG, provavelmente deva ser unanimidade que a preparação é uma das partes mais “chatinhas”, principalmente quando temos que reduzir a impedância para níveis aceitáveis. Aqui vão algumas dicas de sobre a preparação para uma coleta de dados que podem te ajudar:
1. PREPARE A TOCA COM ANTECEDÊNCIA:
Se houver alguma sessão de avaliação com o participante, aproveite e faça a medida da maior circunferência visível da cabeça do participante e anote o número no formulário dele. Isso servirá para que você deixar a toca de tamanho adequado, com todos eletrodos colocado na toca na posição correta. Quanto menos tempo você ficar preparando o participante melhor.
2. INSTRUÇÕES PRÉ-COLETA
Avise ao participante que no dia da avaliação ele(a) deverá vir para o laboratório sem nenhum tipo de gel, creme, laquê (ou similares) no cabelo. Se possível, lavar o cabelo no dia anterior com xampu neutro. As mulheres, principalmente, odeiam esse critério, mas é necessário para diminuir fatores que possa promover uma alta impedância.
3. LIMPEZA ANTES DA COLOCAÇÃO DA TOCA
Pode ser útil utilizar um papel toalha com um pouco de álcool para remover o excesso de oleosidade que é expelida juntamente com o suor de regiões como a testa e nos mastoides.
4. COLOCAÇÃO DA TOUCA
As toucas da Acticap têm tamanhos específicos e fixadores de eletrodos colocados nas posições adequadas. Entretanto, as tocas não podem simplesmente serem colocadas de qualquer maneira na cabeça do participante. Isso pode resultar em erro no posicionamento dos eletrodos. Algumas pessoas localizam apenas Cz e colocam a toca utilizando esse ponto, mas por ser um ponto único a toca pode estar deslocada (rotacionada) para a direita ou esquerda, já é apenas um ponto. Uma sugestão simples é usar Fpz e Cz ou então a triangulação entre Cz, Fp1 e Fp2 como pontos de referência. Isso evitará que a touca seja deslocada tanto no sentido anteroposterior e latero-lateral, quanto deslocado horizontalmente (esquerda/direita).
5. CONFIGURANDO O GOOD E BAD LEVEL NO RECORDER:
A maior parte das pessoas na hora de iniciar uma preparação configuram as cores que aparecerão nas leds dos eletrodos com os valores finais que eles desejam que os eletrodos estejam. Isso não é errado, apenas pode te dar uma crise ansiedade. A razão é simples, a impedância não baixa tão rápido quanto gostaríamos, e mesmo depois de colocar gel em todos os eletrodos você ainda verá um mar vermelho de eletrodos com impedâncias acima de 5, 10, 15 koms.
No início, é importante saber apenas se o eletrodo está captando sinal ou não. Lembre-se, quem faz o contato da ponta do eletrodo com o escalpo é o gel. Então, configure o GOOD level para um valor bem alto, por exemplo 300 ou mesmo 500 kohms. Comece colocando gel no eletrodo GND (ground) e REF (reference; alguns amplificadores não possuem canal de referência físico, como o ActiChamp). Em seguida, coloque um pouco gel nos demais eletrodos, apenas o suficiente para que ele comece a medir a impedância (luz verde) isso será fácil de fazer já que o critério de GOOD level está bem alto. Assim que o led ficar verde e começar a aparecer o valor de impedância vá para o próximo eletrodo. NÃO se preocupe se o valor estiver alto, o objetivo nesse primeiro momento é garantir que todos os eletrodos estão com gel e contato com o escalpo. Apenas após terminar de colocar gel em todos você irá mudar as configurações no Recorder para valores mais próximos do que você deseja, fazendo os ajustes necessários para diminuir a impedância nos eletrodos que ainda estão com a impedância alta.
6. COLOQUE O GEL DE FORMA ORDENADA
Quando estamos colocando o gel nos eletrodos, não é incomum vermos pessoas colocando o gel em eletrodos de forma aleatória. O problema é depois de alguns eletrodos fica mais difícil saber qual eletrodo tem e qual não tem gel. E essa identificação normalmente toma tempo, o que deixa a preparação ainda mais demorada. Como sugestão, siga a numeração da própria toca ou linhas formadas pelos eletrodos, independentemente do modo, siga uma lógica para evitar que eletrodos fiquem sem gel.
7. COLOQUE O GEL DE TRÁS PARA FRENTE
Já reparou que alguns eletrodos parecem dar mais trabalho para baixar a impedância que outros? Talvez você tenha percebido que os occipitais são os piores. E são mesmo! Provavelmente devido ao formato anatômico da parte occipital que deixa as coisas um pouco mais difícil. Por isso, outra sugestão é começar a colocar o gel de trás da cabeça indo em direção a parte frontal. A razão para isso é que O GEL DEMORA PARA ACOMODAR, isso leva cerca de 3 minutos. Assim, se você começar pela parte de trás e seguir as duas dicas acima, quando você estiver terminando de colocar gel nos eletrodos frontais, os posteriores já estarão estabilizando a impedância, o que deve tornar sua vida bem mais fácil.
8. NÃO INSISTA MUITO EM UM MESMO ELETRODO
Também é extremamente comum as pessoas tentarem baixar a impedância de um mesmo eletrodo insistentemente. Tem dois problemas relacionados a isso: (1) se não tinha gel naquele local, a impedância vai demorar um pouco para estabilizar, por isso a sugestão número 5; e (2) a insistência em tentar baixar a impedância de um mesmo eletrodo sem intervalo pode machucar (e normalmente machuca) o escalpo do participante, o que vai resultar em incomodo, alteração do humor, etc., afinal ninguém quer ficar levando espetadas na cabeça (mesmo a agulha sendo sem ponta machuca... experimente ser o avaliado ao menos uma vez). Por isso, inicialmente siga a dica 5 (coloque gel e vá para o próximo eletrodo) e depois de ter feito isso, caso o eletrodo esteja difícil de baixar a impedância, depois de 2-3 tentativas vá para outro eletrodo e depois você retorna para ele.
9. MAIS GEL NEM SEMPRE É A SOLUÇÃO
Quem nunca colocou tanto gel que pouco depois começou a brotar para fora da touca que atire a primeira pedra, não é mesmo? Mas nem sempre ou na maioria dos casos, colocar mais gel não vai resolver. Lembre-se, o excesso de gel pode formar uma ponte entre dois ou mais eletrodos (o que significa que esses eletrodos terão o mesmo sinal), aumenta o tamanho da área que o sinal está sendo captado, além de ser um desperdício. Quando um eletrodo não está baixando a impedância, mesmo já tendo colocado gel e feito movimentos circulares com a agulha, as vezes é necessário (1) girar o eletrodo, segurando o fixador, pois as vezes uma pequena mudança na posição do eletrodo já melhora a impedância; ou (2) retirar o eletrodo cuidadosamente da toca, afastar o cabelo para os lados (que normalmente fica formando uma barreira para o contato eletrodo-gel-escalpo) colocar um pouco de gel e recolocar o eletrodo novamente. Essas práticas costumam ser bem efetivas.
10. CONFERIR A IMPEDÂNCIA DE TEMPOS EM TEMPOS
Quando se faz aquisições de dados com longa duração os eletrodos podem perder contato, seja por movimento do eletrodo (por exemplo, se um fio prendeu na cadeira e puxou um pouco) ou porque o gel ressecou. Por isso é interessante verificar nos intervalos entre blocos ou momentos de avaliação se a impedância de todos os eletrodos estão OK. As vezes é necessário fazer alguns ajustes, como colocar um pouco de gel, fazer movimentos circulares com a agulha, ou girar o eletrodo na posição para retomar o contato.
11. QUAL VALOR DE IMPEDÂNCIA INDICADO?
Provavelmente você deve ter notado na descrição dos métodos de todos os artigos que eles “só iniciaram a aquisição de dados quando a impedância de todos os eletrodos estavam abaixo de 5 kohms”. Na prática você já deve ter notado com alguns participantes que fazer com que todos 32, 64 ou mais eletrodos ficarem abaixo de 5 kohms parece uma missão impossível. Mas não se desespere! Os eletrodos ativos da Brain Products possuem circuitos ativos para conversão de impedância integrados diretamente nos eletrodos (aquelas placas de circuitos que a vemos no eletrodo). A conversão de impedância já no nível do eletrodo permite obter uma qualidade de sinal excepcional, mesmo com impedâncias mais altas em comparação aos eletrodos passivos convencionais. A Brain Products afirma que é possível obter uma boa qualidade de sinal com impedâncias de 25 koms. Como sugestão, você pode tentar baixar a impedância até 5 kohms, mas em caso de ter dificuldades e tomar muito tempo com alguns eletrodos pode aceitar valores de impedância um pouco mais alto como 10 ou 15 kohms. De qualquer forma, você tem o respaldo da Brain Products, caso algum revisor ou membro da banca questione os valores de impedância julgados aceitáveis por você ????
No vídeo abaixo você pode ver alguns detalhes da preparação que comentei nas dicas.
Espero que esse blog tenha sido útil! BOAS COLETAS
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