Como modular o cérebro visando reduzir sequelas do AVE?

Wednesday, 27 de May de 2020

Milhares de pessoas no mundo sofrem de Acidente Vascular Encefálico, o famoso derrame ou AVC, e a maioria dos indivíduos apresentam sequelas, após o acidente, principalmente atrelado ao comprometimento motor, reduzindo a qualidade de vida e custos com assistência média. Você sabia que existem tecnologias que podem contribuir reduzindo os impactos das sequelas?

Essas sequelas, muitas das vezes ocorrem devido a perda isquêmica direta de neurônios combinada com uma não adaptação a reorganização cerebral. Trazendo para a fisiologia do cérebro, oaumento dos níveis do neurotransmissor inibitório na região, o GABA, causa hipoexcitabilidade, visto que a atividade do GABA relacionada com o movimento do córtice motor ipsilateral (IM1), principalmente do braço no AVC.

A atividade do córtice motor e ipsilateral e do contralateral (cM1) ,influenciada pelo GABA nas vítimas de AVC, resulta em uma inibição inter-hemisférica exagerada(IHI) que causa um desequilíbrio anormal da atividade entre os hemisférios cerebral, contribuindo para o comprometimento no braço. A neurociência, associada com a tecnologia, apresenta diversas atividades promissoras de reabilitação neuromodulatória que podem provocar alterações neuroplásticas usando estimulação cerebral não invasiva, como por exemplo o TMS associado com EEG.

Entretanto, o TMS apresenta a incapacidade de modular a força sináptica das vias que conectam o cm1 e o IM1 e, assim não permite tanta eficácia no tratamento. Uma abordagem inovadora que vem sendo pesquisada para esta aplicação é a estimulação associativa emparelhada (PAS), que pode atuar junto com o TMS, e causar um emparelhamento repetitivo de TMS aplicados sobre os dois locais corticais em intervalos precisos de interpulsão. O PAS induz a plasticidade dependente do tempo de pico (STDP), que modifica essa força sináptica das vias intracorticais , e assim auxiliando na formação da memória, um pré requisito para o aprendizado de habilidades motoras para a recuperação da função do braço após o AVE

Um trabalho realizado um estudo para analisar a indução de STDP em circuitos intracorticais e investigar o efeito do PAS na aquisição e aprendizado de habilidades motoras. Para isso,  dividiram o projeto em algumas etapas: inicialmente, os pacientes fizeram uma ressonância magnética para avaliar as funções básicas de cognição, comprometimento físico dos membros superiores, função motora e destreza das mãos. O passo seguinte foi realizar duas sessões completas de ihPAS e foram realizadas as avaliações de excitabilidade cortical usando EMG e EEG, das respostas corticais evocadas por TMS e desempenho das atividades motoras antes do ihPAS e em três momentos seguintes, para verificar o curso imediato de tempo e os efeitos. Após cada sessão do IHPAS, também foi realizado um questionário para verificar efeitos associados a estimulação (ex: apresentar dor de cabeça ou dor de garganta)

 

Figura: Projeto experimental usando ihPAS.

 

Para a análise do desempenho motor, os participantes também realizaram uma tarefa no qual quatro quadros de tamanho e espaçamento iguais foram exibidos na tela de toque de um tablet e os participantes tinham a função de selecionar o alvo com todos os dedos, com apenas um dedo. O tempo de resposta foi calculado, como também a precisão do pressionamento da tecla. Com os dados do ihPAS também é possível calcular uma pontuação de aprendizado pós terapia. Dados muito importantes para a análise nesta patologia.

 

Figura 2: Tarefa de reação e análise motora

Esta é mais uma inovação da neurociência que visa contribuir na saúde de pessoas que apresentam alguma lesão cerebral. O cérebro tem a incrível capacidade natural de neuroplasticidade e, assim, potencial de melhorar a recuperação. Ao induzir de forma não invasiva a neuroplasticidade das conexões motoras, é possível estudar o comportamento do desempenho de habilidades motoras e no aprendizado com diversos protocolos. O uso de tecnologias, como por exemplo o EEG, permite avaliar e estudar o efeito causal e efeitos da atividade cerebral em uma área sobre a atividade de outras áreas para entender melhor as propriedades da rede cerebral, não só na recuperação do AVE, como o de diversas patologias.


                                                                                   EEG CAP for live Amp

A estimulação cerebral não invasiva (NIBS) , que faz o uso da ativação repetitiva de regiões cerebrais circunscritas com estimulação magnética ou elétrica, é vista como uma alternativa promissora para abordagem terapêutica após AVE, apresentando poucos efeitos colaterais.  Ainda assim, mesmo com resultados interessantes, fazer uma análise mais aprofundada, utilizando a neuroimagem para caracterizar os indivíduos que apresentaram as melgores respostas e assim, demonstrar a capacidade do PAS em produzir um sinal que vai afetar/melhorar o desempenho motor. A comparação desta abordagem com outros métodos ou terapias é interessante para avaliar o quão interessante é a aplicação.

Vale ressaltar que o método ainda não tem a efetividade comprovada mas que apresentou resultados promissores para o uso em estudos futuros na modulação e medição do comportamento do cérebro para restaurar a função do braço após AVE.

 

Referências

Borich., M R., Wolf, S. L , Tan, A. Q. , Palmer, A. J . Targeted Neuromodulation of Abnormal Interhemispheric Connectivity to Promote Neural Plasticity and Recovery of Arm Function after Stroke: A Randomized Crossover Clinical Trial Study Protocol. Hindawi. 2018

B. Elsner, J. Kugler, M. Pohl, and J. Mehrholz, “Transcranial direct current stimulation (tDCS) for improving activities of daily living, and physical and cognitive functioning, in people after stroke,” Cochrane Database Systematic Reviews, vol. 3, article Cd009645, 2016.

H. F. Chen, C. Y. Wu, K. C. Lin et al., “Measurement properties of streamlined wolf motor function test in patients at subacute to chronic stages after stroke,” Neurorehabilitation and Neural Repair, vol. 28, no. 9, pp. 839–846, 2014.

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Autor: Mouhamed
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