As habilidades cognitivas são desenvolvidas diferentemente em cada esporte

Saturday, 09 de May de 2020

Na maioria das vezes, pensamos em atletas como pessoas com grande aporte muscular. Porém, esportes também desenvolvem capacidades cognitivas, que podem ser distintas, a depender do esporte que se pratica.


Quando se fala de esportistas, imaginamos seres incrivelmente desenvolvidos fisicamente e cheios de vitalidade. Os nomes esportivos mais conhecidos carregam consigo essas características. Por exemplo, Michael Phelps (natação), Cristiano Ronaldo (futebol), Usain Bolt (atletismo), Michael Jordan (basquete) e Floyd Mayweather (boxe) carregam consigo a característica de um aporte físico marcante. Mas será que os esportes se resumem à aspectos físicos? A resposta é, definitivamente, não. A determinancia sobre quais capacidades e características físicas serão necessárias cada esporte tem diversos outros fatores envolvidos, e não somente físicos.

As modalidades esportivas apresentam diversas subdivisões. Por exemplo, existem esportes coletivos (futebol, basquete, vôlei) e individuais (maratona, ginástica olímpica, judô). Pensando em esportes coletivos, existem esportes de invasão (futebol, por exemplo) e com rede divisória (vôlei, por exemplo).  Dentro dos esportes com rede divisória há mais variações em relação a espaço físico (praia ou quadra) e quantidade de pessoas na equipe (dupla ou grupo), por exemplo. Em suma, modalidades esportivas são um mundo e cada uma delas possui suas singularidades e necessidades. Porém, vale ressaltar, que todas elas possuem a necessidade de desenvolvimento de atributos físicos e cognitivos.

Uma das capacidades cognitivas que parecer ser congruente a grande parte das modalidades esportivas são as funções executivas. Esse grupo de habilidades cognitivas são necessários em ações que demandem resolução de problemas, inibição, planejamento, flexibilidade cognitiva, atenção e tomada de decisão, sendo essas ações cognitivas presentes a quase todo momento nos esportes. Por exemplo, quando um atleta de basquete decide tentar chutar uma bola de 3 pontos, há vários processos cognitivos anteriores que o leva a tomar tal decisão e não outra. Por outro lado, esportes como o tiro esportivo são altamente dependentes de inibição de fatores distratores e atenção a técnica que se vai empregar. Nesse sentido, parece claro que diferenças no desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes entre as modalidades.

Jacobson & Mattheus investigaram a relação entre o tipo de esporte ao quais o atleta estava envolvido e sua performance cognitiva em tarefas de função executiva. Os pesquisadores recrutaram 39 atletas de modalidades classificadas como self-pace e external pace. Como self-pace entende-se modalidades onde o atleta controla as variáveis a tempo e ação internas do esporte, como no golf e corrida. Por outro lado, nas modalidades external pace, há a necessidade de adequação e decisão ligada a elementos externos, como é o caso do futebol e rugby. Os atletas realizam uma bateria de testes cognitivos envolvendo inibição, tomada de decisão, velocidade de processamento e vocabulário. Os resultados do estudo indicaram que atletas de modalidades self-pace apresentaram melhores resultados relacionados a inibição, enquanto atletas de external pace apresentaram melhores resultados relacionados a solução de problemas. Esses resultados refletem as características muito importantes relacionadas a diferentes modalidades. Maratonistas, por exemplo, dependem de alta capacidade inibitória para bloquear a influência de elementos externos e controlar sensações negativas ao longo da prova, como a fadiga muscular. Por outro lado, jogadores de futebol, por exemplo, precisão resolver problemas relacionados a dinâmica do jogo constantemente. Nesse sentido, parece consistente dizer que os atletas desenvolvem capacidades cognitivas relacionadas as suas modalidades. Futuros estudos devem buscar compreender a dinâmica neuroelétrica e hemodinâmica relacionada as diferenças entre tipos de modalidade.

Referência:

Jacobson & Mattheus (2014). Athletics and executive functioning: How athletic participation and sport type correlate with cognitive performance. Psychology of Sport and Exercise. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.psychsport.2014.05.005

 

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Autor: Heloiana Karoliny Campos Faro
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