Na maioria das vezes, pensamos em atletas como pessoas com grande aporte muscular. Porém, esportes também desenvolvem capacidades cognitivas, que podem ser distintas, a depender do esporte que se pratica.
Quando se fala de esportistas, imaginamos seres incrivelmente desenvolvidos fisicamente e cheios de vitalidade. Os nomes esportivos mais conhecidos carregam consigo essas características. Por exemplo, Michael Phelps (natação), Cristiano Ronaldo (futebol), Usain Bolt (atletismo), Michael Jordan (basquete) e Floyd Mayweather (boxe) carregam consigo a característica de um aporte físico marcante. Mas será que os esportes se resumem à aspectos físicos? A resposta é, definitivamente, não. A determinancia sobre quais capacidades e características físicas serão necessárias cada esporte tem diversos outros fatores envolvidos, e não somente físicos.
As modalidades esportivas apresentam diversas subdivisões. Por exemplo, existem esportes coletivos (futebol, basquete, vôlei) e individuais (maratona, ginástica olímpica, judô). Pensando em esportes coletivos, existem esportes de invasão (futebol, por exemplo) e com rede divisória (vôlei, por exemplo). Dentro dos esportes com rede divisória há mais variações em relação a espaço físico (praia ou quadra) e quantidade de pessoas na equipe (dupla ou grupo), por exemplo. Em suma, modalidades esportivas são um mundo e cada uma delas possui suas singularidades e necessidades. Porém, vale ressaltar, que todas elas possuem a necessidade de desenvolvimento de atributos físicos e cognitivos.
Uma das capacidades cognitivas que parecer ser congruente a grande parte das modalidades esportivas são as funções executivas. Esse grupo de habilidades cognitivas são necessários em ações que demandem resolução de problemas, inibição, planejamento, flexibilidade cognitiva, atenção e tomada de decisão, sendo essas ações cognitivas presentes a quase todo momento nos esportes. Por exemplo, quando um atleta de basquete decide tentar chutar uma bola de 3 pontos, há vários processos cognitivos anteriores que o leva a tomar tal decisão e não outra. Por outro lado, esportes como o tiro esportivo são altamente dependentes de inibição de fatores distratores e atenção a técnica que se vai empregar. Nesse sentido, parece claro que diferenças no desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes entre as modalidades.
Jacobson & Mattheus investigaram a relação entre o tipo de esporte ao quais o atleta estava envolvido e sua performance cognitiva em tarefas de função executiva. Os pesquisadores recrutaram 39 atletas de modalidades classificadas como self-pace e external pace. Como self-pace entende-se modalidades onde o atleta controla as variáveis a tempo e ação internas do esporte, como no golf e corrida. Por outro lado, nas modalidades external pace, há a necessidade de adequação e decisão ligada a elementos externos, como é o caso do futebol e rugby. Os atletas realizam uma bateria de testes cognitivos envolvendo inibição, tomada de decisão, velocidade de processamento e vocabulário. Os resultados do estudo indicaram que atletas de modalidades self-pace apresentaram melhores resultados relacionados a inibição, enquanto atletas de external pace apresentaram melhores resultados relacionados a solução de problemas. Esses resultados refletem as características muito importantes relacionadas a diferentes modalidades. Maratonistas, por exemplo, dependem de alta capacidade inibitória para bloquear a influência de elementos externos e controlar sensações negativas ao longo da prova, como a fadiga muscular. Por outro lado, jogadores de futebol, por exemplo, precisão resolver problemas relacionados a dinâmica do jogo constantemente. Nesse sentido, parece consistente dizer que os atletas desenvolvem capacidades cognitivas relacionadas as suas modalidades. Futuros estudos devem buscar compreender a dinâmica neuroelétrica e hemodinâmica relacionada as diferenças entre tipos de modalidade.
Referência:
Jacobson & Mattheus (2014). Athletics and executive functioning: How athletic participation and sport type correlate with cognitive performance. Psychology of Sport and Exercise. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.psychsport.2014.05.005
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