Segurança e afeto no desenvolvimento da aprendizagem

Wednesday, 08 de July de 2020
     Um estudo de abril deste ano (2019) mostrou os efeitos da retenção de objetos moles na dor social. Seria como manter objetos macios por perto aumenta intervenções físicas como tocar. Ou seja, segurar objetos macios pode ser eficaz para reduzir as emoções negativas.

      De maneira complementar outros estudos já haviam (2014) relatado que tocar objetos moles como, por exemplo, um cobertor macio ou um tecido confortável, aumenta a tolerância à incerteza. Um tipo de relaxamento, aconchego e conforto.

“Medimos as avaliações subjetivas dos participantes sobre dor social e potenciais relacionados a eventos (ERPs) para examinar os efeitos de tocar / segurar objetos moles na dor social ao realizar a tarefa da Cyberball. Examinamos a variação negativa contingente (CNV) para estimar as expectativas de ser lançada a bola. A CNV é uma onda lenta que ocorre no intervalo entre a apresentação de um estímulo de advertência e um estímulo imperativo que requer uma resposta motora” (WALTER W. G, 1964).

       Resolvi escrever esse blog porque comecei a pensar no modelo educacional que reproduzimos há mais de 100 anos. Será que estamos tornando esses momentos de aprendizagem tão confortáveis, para desenvolver habilidades de tolerância e conforto? Ou a realidade é que distanciamos qualquer modelo de conforto e atribuímos conteúdos e conceitos, apenas transmitindo palavras de responsabilidade?

        O contato entre professores e alunos, entre os próprios amigos, onde todos ocupam o mesmo espaço de fala, são como cobertores de afeto que carregam aprendizados para o resto da vida. “A falta de experiências de contato resulta em um aumento de déficits de desenvolvimento, comprometimento da função imunológica e problemas neurológicos / psiquiátricos em adultos” confirma o estudo de Linden D J. Touch (2016).

        No estudo base desse blog* os participantes foram solicitados a avaliar seu estado mental através das seguintes perguntas: “Eu me senti amado?”, “Senti-me rejeitado?”, “Senti-me invisível?” e “Eu senti-me poderoso?”. Estas perguntas foram classificadas em uma escala que varia de 1 a 9 e teve como conclusão que os objetos macios que tocam / seguram, atuam metaforicamente como uma fonte de segurança e proteção, resultando em uma diminuição da atitude negativa. Além disso, contatos corporais ou substitutos para contato com o corpo, poderiam reforçar essa sensação de segurança, que então encoraja putativamente comportamentos de aproximação.

        Sabendo que a capacidade de aprendizagem do cérebro está associada aos padrões emocionais estabelecidos, o interessante é aprimorar no contexto escolar, as necessidades básicas de afeto e segurança, com a finalidade de facilitar a motivação para os conteúdos escolares. A partir disso podemos propor a utilização de novos métodos de ensino-aprendizagem, desde o desenvolvimento das habilidades sócioemocionais, ao uso de tecnologia que despertam criatividade e expansão das potencialidades individuais.

 

Referências:

* https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0215772

   https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S002210311400050X

   https://psycnet.apa.org/record/1960-02805-001

   https://www.nature.com/articles/203380a0

Linden D J. Touch: A ciência da mão, coração e mente. Livros de pinguim; 2016

The content published here is the exclusive responsibility of the authors.

Autor: Mab Abreu
#reasoning-valuation #socialinteraction #semioticsresearch #attentionperceptionaction #functionalconnectivity #executivelegislativejudgmentfunctions #humancompetence #decisionmaking #metacognitionmindsetpremeditation #socialpreferences