Primeira infância – O investimento certo para a sociedade

Wednesday, 22 de April de 2020

No blog “Primeira Infância: a capacidade da educação para mudar a sociedade” , foi discutido sobre a importância que a educação nos primeiros anos de vida influencia no desenvolvimento do ser humano. Pensando no aspecto individual, os benefícios que a educação proporciona são significativos. Mas, e para a a sociedade? Você já parou para pensar nos impactos que isso pode gerar?  

 

A aprendizagem infantil ocorre continuamente desde o nascimento da criança. Inicialmente se relacionando com os pais e, em seguida, com cuidados, professores, profissionais da saúde, amigos e todos aqueles que se fazem presentes no crescimento da criança. Os relacionamentos socioafetivos influenciam no desenvolvimento infantil e, além disso, a criança se beneficia com brincadeiras, convívio e, simplesmente, na objetificação das coisas.

Para quem leu o blog citado, sabemos o quão importante é o estímulo neurológico na primeira infância. Sendo assim, o cuidador/educador deve oferecer atenção e reagir de forma apropriada com a interação infantil. Por um lado, o aprendizado na primeira infância pode gerar habilidades, mas, por outro, são uma janela de vulnerabilidade a efeitos nocivos [1]. A ausência de estímulos ou a ocorrência de estímulos negativos pode deixar marcas ao longo da vida do indivíduo, em diversas funções neurais e habilidades. [2].

As funções cognitivas como, por exemplo, raciocínio, atenção, memória e juízo crítico são desenvolvidas na prieira infância através de controle de impulsos, capacidade de lembrar de regras e de direcionar atenções. Ao decorrer dos anos, essas funções vão sendo refinadas mas a base das conexões são estabelecidas nos primeiros anos de vida. [3]. Pensando nisso, se investirmos na neuroeducação dessas crianças, será que teremos um retorno no investimento?

Existem diversos programas de cuidados primários de saúde e educação na primeira infância que visam garantir a nutrição adequada, oferecer boas condições de saúde materno-infantil e incentivar o estudo. As implicações socioeconômicas visadas, com o programa, são o aumento dos anos de escolaridade completos, melhor saúde física e mental, proatividade, melhor inserção no mercado de trabalho, pessoas mais qualificadas. Já para a sociedade, estudos comprovam que o investimento na educação dessas crianças garante melhores cidadãos e diminuir o número de indivíduos que se envolvem com alcoolismo, tabagismo, criminalidade e violência. [4]. Além disso, essas crianças que tiveram uma educação mais qualificada, necessitam menos de ajuda do governo. E isso tudo está associado ao treinamento do cérebro, a neuroeducação.

 

Figura: Taxa de retorno x Idade (Heckman, 2006)

Maior chance de seguir na educação universitária, maior rendimento no trabalho, crescimento profissional, menor índice de violência e criminalidade são benefícios que a educação na primeira infância geram e isso já é comprovado [5]. Entenda um pouco sobre a importância de "não economizar no cérebro" no vídeo abaixo, que está na Playlist de Primeira Infância, na Brain TV - Kids.



 O ato de desenvolver os circuitos cerebrais na infância e dar inicio ao desenvolvimento de funções que podem gerar um retorno individual e social devem ser consideradas como prioridades. Investir nisso é pensar no futuro, pensar em uma sociedade mais preparada para conviver entre si, para ter tolerância, senso crítico, para explorar o mundo! Queremos sempre extrair o melhor de todos, queremos melhores condições de vida, queremos pessoas mais preparadas, queremos queremos queremos... Mas será que estamos dando a atenção adequada para a educação e desenvolvimento daqueles que são o futuro do país?

 

Referências

[1] Shonkoff JP, Boyce WT, McEwen BS. Neuroscience, molecular biology, and the childhood roots of health disparities: building a new framework for health promotion and disease prevention. JAMA. 2009;301(21):2252–9. doi:10.1001/jama.2009.754.

[2] Santos DN, dos Santos LM, Carvalho L, Barreto ML. Desenvolvimento cognitivo e aprendizagem na infância. Manuscrito não publicado. 2013.

[3] Huttenlocher PR, Dabholkar AS. Regional differences in synaptogenesis in human cerebral cortex. Journal Comparative Neurology 1997;387(2):167–78. Available at: http://www.ncbi.nlm. nih.gov/pubmed/9336221.

[4] Macedo L. Psicologia: o aprendizado orientado para a criança. In: Ramires JAF, ed.Viva com mais saúde: 51 especialistas da USP orientando você a viver mais e melhor. São Paulo: Phorte; 2009:427–432.

[5] Cunha F, Heckman JJ. The Economics and Psychology of Inequality and Human Development. Journal of the European Economic Association. 2009 7(2-3), 320–364. doi:10.1162/ JEEA.2009.7.2-3.320

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Autor: Mouhamed
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