Pertencimento como Sentir Primal

Quando olhamos para o comportamento de células e bactérias, percebemos que o pertencimento está ligado a uma percepção de quantidade e contexto, permitindo uma resposta coordenada e adaptada ao ambiente. Esse fenômeno, conhecido como quorum sensing nas bactérias, é uma evidência de que o "sentir" coletivo é uma função essencial para a sobrevivência e diferenciação funcional.

Pertencimento como Sentir Primal

O pertencimento, nesse sentido, é uma forma primária de "inteligência" que guia desde organismos unicelulares até sistemas complexos, como grupos humanos. É um estado anterior à linguagem e às narrativas culturais, mas que pode ser capturado e manipulado pelas histórias e símbolos criados pela cultura.

Como a Cultura Desarticula o Pertencimento Primal

A cultura, ao longo do tempo, construiu rituais, normas e crenças que reconfiguraram esse "sentir primal" para atender a interesses de poder e controle. Em vez de promover uma fruição natural e instintiva de pertencimento, a cultura frequentemente transforma essa necessidade em uma ferramenta para gerar seguidores e dependentes.

Exemplos de Como Isso Ocorre

• Religiões: Muitas vezes prometem pertencimento sob a condição de obediência a dogmas específicos.
• Redes Sociais: Criam grupos de "seguidores" que reforçam um senso de pertencimento, mas frequentemente baseado na validação externa e na conformidade com padrões.
• Sistemas Políticos: Utilizam narrativas de nacionalismo e pertencimento cultural para gerar lealdade, às vezes desconsiderando a diversidade de experiências individuais.

Pertencimento Orgânico vs. Pertencimento Cultural Impositivo

Recontextualizando o Pertencimento: O Caminho de Volta ao Sentir Primal

Para resgatar o pertencimento como um sentir primal, é necessário:

1. Voltar ao Corpo-Território: Sentir o corpo e o ambiente como um sistema interconectado.
2. Praticar a Fruição com Metacognição: Observar as sensações e emoções sem impor significados culturais.
3. Criar Espaços de Livre Expressão: Permitir experiências em que o indivíduo possa pertencer sem ser forçado a adotar dogmas ou narrativas.

Reflexão Final:

Pertencimento primal é a base da vida, tanto no nível celular quanto no nível humano. O desafio é não permitir que esse sentimento seja distorcido em busca de seguidores e validação, mas sim reconduzir ao estado natural de ser parte de algo maior, sem perder a autenticidade e a liberdade.