Neuroepigenética é o estudo de como as alterações epigenéticas nos genes afetam o sistema nervoso. Essas mudanças podem afetar condições subjacentes, como dependência, cognição e desenvolvimento neurológico. Vamos ver neste Blog como as memórias são codificadas e mantidas no nível molecular.
Até então, a memória era enquadrada no dogma central, da biologia molecular, sendo uma visão centrada em proteínas. Vamos discutir então qual seriam as evidências neuroepigenéticas no papel no aprendizado e na memória, que englobaria o DNA, RNA e a proteína na formação e manutenção da memória e prevê um sistema paralelo e distribuído para a consolidação, armazenamento e recuperação de aprendizado.
O aprendizado é descrito como uma mudança persistente e dependente da experiência no comportamento e na memória como a representação interna dessa experiência. Mas como os organismos aprendem? A maioria das evidências empíricas sugere que a formação da memória tem dois componentes primários, independente da síntese protéica, e uma segunda fase dependente do tempo, que depende da transcrição gênica induzida por atividade e síntese protéica, que levam a maior eficácia sináptica.
No entanto, vários relatórios questionam a força dessa perspectiva; incluindo os efeitos não específicos dos inibidores da síntese de proteínas; os inibidores da síntese protéica também podem induzir a fosforilação do CREB e a apoptose; a demonstração da formação da memória em várias tarefas; a existência de formas simples e seletivas de memória celular que são independentes de proteínas; como a proteção contra a integração viral na placenta. É evidente que ainda estamos longe de entender completamente a relação íntima entre síntese e memória de proteínas e, no mínimo, questionar a suficiência.
Outros estudos ainda demonstram que o hipocampo é necessário, mas não suficiente, para toda a memória e sugerem que tipos específicos de memórias dependem de certas regiões do cérebro, mas também contam com comunicação paralela com outras regiões, em alguns casos competitivamente; levando à conclusão de que nenhuma região é suficiente para consolidar, armazenar e recuperar toda a memória.
Em conjunto, esses resultados sugerem que os mecanismos neuroepigenéticos podem fornecer uma base para hipóteses testáveis de mudanças nos ácidos nucléicos e nas proteínas em relação a um código de memória. Além disso, a força de uma visão neuroepigenética do aprendizado e da memória é que ela diverge da neurociência molecular tradicional, que ela própria deriva do dogma central da biologia molecular.
Portanto, fica evidente que os ácidos nucléicos e os mecanismos epigenéticos relacionados contribuem para o aprendizado e a memória de várias maneiras e podem impactar bidirecionalmente cada estágio do processo cognitivo. Uma visão neuroepigenética prediz um sistema paralelo e distribuído para a consolidação, armazenamento e recuperação do engrama com base em alterações dinâmicas e reversíveis ao DNA, RNA e proteínas no cérebro. Essa visão também pode ajudar a explicar a crescente complexidade dos organismos de ordem superior e como eles evoluíram para manter sua capacidade de aprender e armazenar informações, apesar das constantes mudanças no ambiente.
Além disso, atualmente a Neuroepigenética tem contribuído nos ajudar entender mais sobre comportamentos, associadas a outras técnicas metodológicas, com o EEG (Eletroencefalograma). A exemplo, temos um estudo recente sobre como o estresse psicológico em mulheres grávidas tem várias consequências negativas em potencial para a função física e psicológica de seus filhos, onde avaliaram as modificações epigenéticas em locais específicos no DNA infantil e dados registrados com EEG em bebês, para concluir que a ansiedade materna pré-natal está relacionada a um processamento cerebral mais extenso dos estímulos relacionados ao medo nos bebês.
Referências
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