Crianças, como não gostar de seres tão puros, inocentes e bonitinhos né? Sendo o sonho de muitas pessoas, ter um filho é uma responsabilidade muito grande por ter alguém que depende de você! Além dos momentos alegres, os pais são responsáveis pelo desenvolvimento, educação e saúde da criança. Colocar nas melhores escolas, forçar o filho a estudar, fazer a criança ficar quieta...tudo pensando no futuro deles!! Será que o caminho é esse mesmo?
A primeira infância é dada como um dos momentos decisivos para o cérebro humano. De 0 a 6 anos, os responsáveis devem ter uma atenção dobrada sobre a educação que a criança recebe visto que tem-se o período sensível, que é onde desenvolvemos algumas habilidades e circuitos neurais que podem não ser desenvolvidos ao longo da vida. Diante disso, existe uma cultura imposta na sociedade que determina como a criança deve se comportar para atingir o sucesso.
Em uma fase de ocorrência de diversas sinapses cerebrais, a criança quer explorar o mundo, aprender, objetificar as coisas, entender e conhecer. Aí, dentro desse fantástico universo exploratório, a educação inadequada barra o desenvolvimento infantil. Não deixar a criança se desenvolver ocorre por não termos pessoas preparadas ou com o conhecimento necessário para criar seres humanos capacitados. A neuroeducação é a base disso, saber a metodologia que deve ser utilizada para oferecer aos nossos filhos. Se uma criança não consegue prender a sua educação, ela é chamada de hiperativa e, até sem indicação médica, os responsáveis medicam a criança para prestar mais atenção na aula.
Pois vamos falar um pouco sobre hiperatenção e atenção distribuída. A primeira ocorre quando prestamos atenção em tudo que ocorre ao nosso redor e estamos querendo identificar o ambiente. Como exemplo e trazendo para a neurociência, em uma situação de risco: nosso sistema nervoso simpático é ativado, o corpo libera adrenalina e a pupila fica dilatada, para enxergarmos melhor tudo ao nosso redor [1]. Nós conseguimos ter uma atenção elevada, uma análise exploratória que a criança também possui. Por outro lado, a atenção distribuída ocorre quando temos muito interesse em algum assunto e nos dedicamos a ele, confiamos no ambiente em que estamos. Nesse processo, o sistema parassimpático que é ativo e controla as nossas funções [2].
Esses dois termos, quando realizados pelas crianças, não podem ser vistos como vilões. É claro que quando a criança estiver na escola, ela tem que prestar atenção no que o professor está passando de conteúdo mas, é exatamente a partir disso que entra a neuroeducação. Como fazer com que aquele explorador preste atenção no conteúdo que você quer passar? Tenha um sistema de ensino moderno e dinâmico, no qual a criança vai ficar curiosa para conhecer. Instigue o cérebro da criança e o seu cognitivo, faça com que ela queira explorar o conhecimento que você quer passar, use o poder da comunicação para despertar aspectos positivos quanto ao aprendizado.
Julgar uma criança por ela querer fazer outras coisas, cobrar por um melhor desempenho e exigir concentração para realizar determinada atividade não podem ser consideradas como questões que visam o melhor desenvolvimento infantil. Use a hiperatenção da criança para algo bom como, por exemplo, despertar nela o querer aprender diversas coisas e se ambientar a situações novas. E, através da motivação e dinamismo, use a atenção distribuída para fazer com que a criança desperte um interesse mais aprofundado sobre diversas áreas. Faça o uso de boas técnicas da neuroeducação para direcionar seu filho ou seu aluno, isso é de extrema importância para o desenvolvimento da criança.
“Ah, meu filho é muito agitado. Vou colocar ele para assistir um vídeo na internet para sossegar!”. Muitos já ouviram alguém falar isso, não é mesmo? Pois, por mais que a tecnologia traz vantagens para a criança, não é recomendado privar o seu filho de atividades essenciais para estímulos motores, de movimento, sensorial, etc. [3] Não prenda a criança na tecnologia ou reprima a energia dele, é do ser humano querer explorar o mundo e conhecer!
No meio a tanta discussão sobre neuroeducação e primeira infância, devemos refletir sobre o que estamos ensinando para as nossas crianças. A primeira infância é fundamental para a formação de caráter, habilidades e identidade. Essa construção dinâmica da identidade interativa é altamente dependente do desenvolvimento dos primeiros anos de vida, pela ativação do nosso cérebro. As crianças são o futuro e devemos investir nisso, tanto na educação como nas relações sociais.
Referências
[1] BEAR, M.F.; CONNORS, B.W.; PARADISO, M. A. Nerociências Desvendando o Sistema Nervoso. 3° ed. Porto Alegre, Artmed, 2008
[2] MENESES, M. Neuroanatomia Aplicada. 3ª ed. Guanabara Saúde Didático. 2011
[3] Hospital Pequeno Príncipe. Primeira Infância. Projeto Saber + Participar melhor. Disponível em: https://pequenoprincipe.org.br/projetosabermais/manual/apj_manual_primeira_infancia.pdf
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