Uma área que tem se interessado por esses estudos se chama “The Neuroscience of Prejudice” ou neurociência do preconceito. As literaturas sobre avaliações de preconceitos, especialmente as baseadas em raça sugerem que redes neurais distintas apoiam esses processos. Dessa forma, vários estudos determinaram que o processamento facial básico também envolve a detecção automática de características sociais, como idade, raça e sexo. Além disso, uma rede de estruturas límbicas (parte do cérebro associada à emoção), bem como estruturas do córtex frontal (áreas do cérebro associadas a ordem superior que integram experiências emocionais e funções executivas de processamento) podem ser associadas ao processamento do preconceito.
Abaixo segue algumas áreas envolvidas com o processamento cerebral e sua relação com o preceito.
A amígdala desempenha um papel mais amplo na detecção rápida de estímulos biologicamente relevantes e na modulação da atenção e da memória. As diferenças raciais na resposta da amígdala às vezes se correlacionam com medidas implícitas (mas não explícitas) de viés racial. A amígdala, OFC, e striatum ventral estão relacionados com avaliações de raça, tomada de decisão e de recompensa respectivamente. A atividade nessas regiões é modulada por sinais de controle originários das regiões pré-frontais laterais (DLPFC, VLPFC) que podem facilitar a regulação do viés racial. Porém, o consenso atual sugere que essa região não é o principal substrato do preconceito racial. A sensibilidade à raça na amígdala (ou seja, preto > branco) pode refletir vários fatores de associações culturalmente aprendidas (por exemplo, homens negros = ameaça). Associações culturais, em particular, podem variar entre indivíduos, dependendo das experiências formativas. Consistente com essa visão, maior contato interracial na infância diminui a resposta da amígdala a rostos negros familiares.
Outros estudos sugerem o papel do córtex pré-frontal ventromedial (VMPFC). A literatura de neuroimagem sobre avaliação baseada em status enfocou o VMPFC, uma região envolvida em avaliações sociais e a geração de significado afetivo, por exemplo, estudos comportamentais sugerem que indivíduos de alto status quando estão sendo avaliados geralmente se beneficiam de resultados positivos. Em um estudo, a interação entre a dimensão de status apresentada pelo alvo (financeira versus moral) e o nível de status (alto, igual ou baixo) previa a atividade do VMPFC. A atividade do VMPFC foi maior ao visualizar os alvos com status moral mais alto em comparação ao mais baixo.
Além destes, uma análise fMRI baseada revelou que o lobo temporal anterior acompanhava as alterações julgamento a julgamento na valência associada a cada grupo encontrado na tarefa.
Visto que a sociedade avançou bastante e nossa própria legislação não permite muitos desses preconceitos (ao menos os clássicos), o nosso cérebro acompanhou essa mudança?
Referências
DERKS, Belle; SCHEEPERS, Daan; ELLEMERS, Naomi (Ed.). Neuroscience of prejudice and intergroup relations. Psychology Press, 2013.
MATTAN, Bradley D. et al. The social neuroscience of race-based and status-based prejudice. Current opinion in psychology, v. 24, p. 27-34, 2018.
TERBECK, Sylvia. The Neuroscience of Prejudice. In: The Social Neuroscience of Intergroup Relations:. Springer, Cham, 2016. p. 29-49.
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