Espaços urbanos e cérebro: uma dicotomia complementar

Wednesday, 08 de July de 2020

Um estudo de abrangência nacional, na Europa, realizado com mais de 900.0001 pessoas mostra que as crianças que cresceram com os níveis mais baixos de espaço verde apresentaram até 55% mais risco de desenvolver um distúrbio psiquiátrico.

   Doenças neuropsiquiátricas podem estar relacionadas à experiências com a organização ambiental?
     A natureza está sendo representada por aspectos do ambiente físico relevantes para o planejamento, design e medidas políticas que atendem a amplos segmentos das sociedades urbanizadas.
  “O espaço verde pode promover a saúde mental, apoiando a restauração psicológica, estimulando o exercício, melhorando a coerência social, diminuindo o ruído e a poluição do ar, afetando a cognição e o desenvolvimento do cérebro, e melhorando o funcionamento do sistema imunológico5”. Além de melhorar a restauração integrativa das funções psicológicas, que contribuem para a consciência coletiva.  

    O mesmo estudo1 afirma que a integração de ambientes naturais no planejamento arquitetônico pode ser um método para preservar a saúde mental e reduzir o aumento da carga global de transtornos psiquiátricos.
    Ainda que a vida urbana muitas vezes ofereça bom saneamento, acesso a cuidados de saúde, nutrição e educação, a proposta à exposição ao espaço verde em ambientes urbanos, visa diminuir o risco de depressão2 e esquizofrenia3, melhorar o desenvolvimento cognitivo, reduzindo a atividade neural associada a transtornos psiquiátricos4.  
A depressão por exemplo, apresenta um padrão de atividade que diminui a conectividade entre regiões do cérebro10 e, para o tratamento, além da contribuição ambiental que minimiza efeitos estressores no Sistema Nervoso Central (SNC), é interessante a proposta de tratamento com outras técnicas de estimulação cerebral
    Considerando outros estudos realizados na California (2015) também mostram que doses mais altas de espaço verde estão associadas a melhor saúde mentalbenefícios afetivos, bem como benefícios cognitivos. É possível que tais modificações afetem a estrutura cerebral através de associações positivas com a amígdala, que é uma região interna do cérebro, responsável pelo processamento das nossas emoçõese está interconectada com regiões mais externas, como o córtex cerebral. 

                           


    Infelizmente, nosso estilo de vida acelerado e sobrecarregado torna muito mais fácil utilizar tempo confinadas dentro de casa/trabalho e separadas da natureza, podendo contribuir para o adoecimento não consciente a longo prazo. Atualmente, grande parte da população vive em cidades mais distantes de espaços abertos. Em 1950, 30% da população mundial residia em centros urbanos; até 2030, essa porcentagem deverá exceder 70%8

   Gregory N. Bratman e seu grupo (2015)6realizaram um experimento controlado que investigou se a experiência na natureza influenciaria a ruminação (pensamento repetitivo focado em aspectos negativos do self), um fator de risco conhecido para a doença mental e foi revelado que a experiência com a natureza pode melhorar o bem-estar mental e físico.  

   Na verdade, o tempo ao ar livre tem provado ter efeitos benéficos sobre a pressão arterial, ondas cerebrais e níveis de colesterol7. Os ecopsicólogos sugerem que a falta de conexão com o mundo natural contribui para o sofrimento mental e emocional9.
    A maior parte desses estudos sugere que áreas naturais acessíveis dentro de contextos urbanos podem ser um recurso crítico para a saúde mental em nosso mundo em rápida urbanização. 

 

Referências:

1- https://www.nature.com/articles/474545e

2- https://www.nature.com/articles/srep28551

3 - https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0920996418301786

4 - https://www.nature.com/articles/s41598-017-12046-7

5 - https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24387090?dopt=Abstract

6-  https://www.pnas.org/content/116/11/5188#ref-19

7 - https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169204615000286

8- https://experiencelife.com/article/nature-quest/

9 - https://ecopsicologiabrasil.com/

10 - https://kandel.com.br/treinamento-medico/o-codigo-cerebral-da-depressao-foi-decifrado/

 

Complementar:

https://www.pnas.org/content/112/28/8567.abstract


 

 

The content published here is the exclusive responsibility of the authors.

Autor:

Mab Abreu

#reasoning-valuation #physiologyandbehavior #stimuluspresentations #brainstimulation #tmsresearch #socialinteraction #neurophilosophy #riskanduncertainty #plasticityneurofeedbackneuromodulation #skilllearning #motivationemotioncraving #translationalneuroscience #languageprocessing #selfperceptionconsciousness #neurocognition #attentioncontrolconsciousness #functionalconnectivity #executivelegislativejudgmentfunctions #neuropolitics #cognitiveneuroscience #humancompetence #sentienceconsciousness #decisionmaking #metacognitionmindsetpremeditation #socialpreferences #culturalneuroscience