EEG na sala de aula, será possível?

Wednesday, 19 de January de 2022

Os estudos de neurociência costumavam estudar o funcionamento cerebral apenas em laboratórios especiais em hospitais ou universidade. Entretanto, nas últimas décadas os pesquisadores começaram a usar dispositivos portáteis que as pessoas pudessem usar na cabeça fora do laboratório. Sendo assim, esses dispositivos permitem a medição da atividade cerebral dos alunos nas escolas, salas de aula, etc. ISSO SOA FUTURÍSTICO? Pode ser que sim, mas, na verdade, é a ciência saindo de dentro da caixa!

Nosso cérebro é composto por uma quantidade enorme de células chamadas de Neurônios e células da glia. Ultimamente sabe-se que temos em torno de 87 bilhões de cada uma dessas células no nosso encéfalo. Os neurônios são as principais células cerebrais, sendo responsáveis por toda comunicação no sistema nervoso, e fazem isso através de sinais elétricos. Esses sinais elétricos aumentam e diminuem de intensidade, atuando como ondas: as ondas cerebrais. Podemos medir as ondas cerebrais usando uma técnica conhecida como eletroencefalografia (EEG) em que pequenos eletrodos são colocados na cabeça da pessoa.

O EEG não pode medir a atividade elétrica dos neurônios de forma individual, pois, as correntes elétricas geradas por qualquer neurônio são muito pequenas. Dessa forma, essas correntes conseguem ser mensuradas quando muitos neurônios transmitem sinais elétricos semelhantes ao mesmo tempo. O EEG consegue então detectar ondas rápidas, ondas lentas, etc. Outro grande importância que o EEG mede é o potencial relacionado ao evento (ERP), que são as respostas elétricas do cérebro a eventos específicos, como ler uma texto, realizar uma tarefa computadorizada ou controlar uma emoção, por exemplo.

A importância dos resultados de estudos envolvendo essas atividades fez os pesquisadores perceberem que diversos aspectos do comportamento humano eram muito complexos para serem estudados dentro de um laboratório, como por exemplo, a interação social na escola. Os experimentos de laboratório são extremamente limitados para responder essas questões, SERIA ENTÃO NECESSÁRIO TIRAR A CIÊNCIA DE DENTRO DA CAIXA! Com isso, o desenvolvimentos recente de EEG portátil agora permite que os cientistas conduzam pesquisas que abranjam diversos aspectos cotidianos do comportamento humano, revolucionando assim a forma de fazer ciência! Uma equipe de pesquisadores da New York University fez estudos com essa tecnologia recentemente, medindo a atividade cerebral de um professor e um grupo de alunos durante 11 aulas de biologia trazendo resultados muito bacanas.

Dispositivos portáteis de EEG embora empolgantes e interessantes não foram inventados para substituir a pesquisa de EEG em laboratório. Em vez disso, ele veio para complementar a pesquisa de laboratório, fornecendo insights sobre os processos cerebrais em situações cotidianas, podendo ser usados não apenas para pesquisa, mas também para fins de ensino. Além disso, a qualidade dos sinais de EEG portátil não é tão alta quanto os dados coletados no laboratório, pois, os dispositivos portáteis têm muito menos eletrodos e os participantes se movem mais. Porém, não deixa de ser algo revolucionário de grande aplicabilidade!

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Referências

BIASIUCCI, Andrea; FRANCESCHIELLO, Benedetta; MURRAY, Micah M. Electroencephalography. Current Biology, v. 29, n. 3, p. R80-R85, 2019.

DIKKER, Suzanne et al. Brain-to-brain synchrony tracks real-world dynamic group interactions in the classroom. Current Biology, v. 27, n. 9, p. 1375-1380, 2017.

VAN ATTEVELDT, Nienke et al. Neuroimaging of learning and development: improving ecological validity. Frontline learning research, v. 6, n. 3, p. 186, 2018.

VAN ATTEVELDT N; JANSSEN T; DAVIDESCO I. Measuring Brain Waves in the Classroom. Frente. Young Minds. 8:96, 2020. doi: 10.3389 / frym.2020.00096.

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Autor: Livia Nascimento Rabelo

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