EEG é capaz de identificar fadiga mental?

Thursday, 26 de March de 2020

Como a atividade cerebral pode prejudicar o desempenho de um atleta? O cérebro também sente cansaço? Nos últimos anos, o cérebro tem sido visto como um órgão fundamental para incremento da performance esportiva. No entanto, fatores psicobiológicos podem alterar sua atividade negativamente. Nesse contexto, a Fadiga Mental é apresentada como um Estado psicobiológico normalmente apresentado após longo período de exposição à demandas cognitivas contínuas (> 30 minutos), provocando sensações físicas de falta de energia e cansaço, além de prejuízos na capacidade atencional. No cotidiano, diversas atividades podem provocar fadiga mental, tais como leitura extensiva e direção de automóveis, intensificando a sensação de cansaço após atividades laborais com alta demanda cognitiva.

Nos esportes, as variáveis psicobiológicas tem ganhado bastante atenção por serem fundamentais no desempenho esportivo. Nesse sentido, estudos vem tentando verificar qual tipo de prejuízo a Fadiga Mental poderia trazer aos atletas, inclusive do ponto de vista cerebral. Pires e colaboradores utilizaram medidas de eletroencefalograma (EEG) para investigar as alterações causadas pela Fadiga Mental no Cortex pré-frontal (PFC) de ciclistas recreacionais ao realizarem um time trial de 20 km. Os resultados indicaram que uma alta ativação da onda cerebral theta na região pré-frontal, além de piores respostas de percepção subjetiva de esforço, quando os atletas estavam mentalmente fadigados.


Fonte: doi: 10.3389/fphys.2018.00227


Fonte: doi: 10.3389/fphys.2018.00227

Esses achados indicam que o EEG é capaz de indicar a presença de Fadiga Mental, através da identificação da alteração da onda theta.

Futuros estudos devem investigar se outras ondas cerebrais (alpha e beta, principalmente) e analises em função do tempo (ERP) estão ligadas à Fadiga Mental em atletas.

Além disso, se torna importante analisar profissões onde a demanda cogntiva é alta e que, paralelamente, dependem de uma boa regulação neural durante as tomadas de decisão, tais como médicos e motoristas.

Adicionalmente, estratégias de possam atenuar a Fadiga Mental, tal como Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC ou, em sigla inglesa, tDCS), devem ser testadas.

Referências:
Pires et al. (2018). Mental Fatigue Alters Cortical Activation and Psychological Responses, Impairing Performance in a Distance-Based Cycling Trial. Frontiers in Physiology. doi: 10.3389/fphys.2018.00227

Marcora et al. (2009). Mental fatigue impairs Physical Performance in Humans. Journal of Applied. doi10.1152/japplphysiol.91324.2008

Boksem and Tops (2008). Mental Fatigue: costs and benefits. Brain Research Reviews. doi: 10.1016/j.brainresrev.2008.07.001

 

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Autor:

Heloiana Faro

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