A curiosidade a respeito da dinâmica do olhar humano é antiga, estudos datados no fim do século XIX já abordavam a temática. A grande questão era entender como o olho e a pupila se moviam em virtude de diferentes estímulos visuais. O clássico estudo de Yarbus (1987) que desenvolveu ventosas capazes de medir a posição do olho trouxe uma informação interessante para a época: a atividade executada por um indivíduo estava diretamente relacionada ao movimento dos olhos dele.
Assim, foi dado o pontapé inicial para os estudos que relacionavam o movimento dos olhos e pupila nas mais diversas áreas de conhecimento: aprendizado, memorização, atenção. Dessa maneira, a crescente no número de pesquisadores que estudavam sobre o assunto fez com que logo surgissem equipamento para mapear os movimentos oculares, as tecnologias do eyetracking.
Os principais equipamentos são óculos munidos de uma luz infravermelha e uma câmera. A luz infravermelha é refletida pelo olho e detectada pelos sensores da câmera, por meio da variação de reflexo no sensor é possível inferir as posições do olho e pupila. Dessa maneira, informações como mapas de calor da concentração do olhar, animações do movimento da pupila e estatísticas a respeito dos pontos mais observados podem ser extraídas.
Dada grande quantidade de informações que podem ser extraídas, o eyetracking passou a ser utilizado como input em estudos de comunicação e interface homem-máquina. Assim, os movimentos dos olhos podem permitir interação com alguma máquina ou computador, seja para digitar teclas, selecionar palavras ou abrir e fechar boxes.
Um estudo publicado na Surgery em 2016, contou com a participação de doze pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e trouxe resultados positivos quanto a comunicação deles utilizando um equipamento de eyetracking. Na situação, todos os pacientes foram capazes de selecionar botões na tela após a primeira sessão de treinamento, metade deles conseguiu escrever sentenças completas no teclados virtual e, um quarto deles, conseguiu interagir em redes sociais e abrir e fechar telas.
Vale salientar que o estudo acima é apenas um em meio a tantos outros que revelam o potencial da tecnologia na área de comunicação de acamados. Sendo assim, merece atenção e divulgação de todo o seu potencial, não somente na área de pesquisa, mas também na área de reabilitação e comunicação de pessoas que necessitam de tal recurso.
Se interessou pelo eyetracking? Confere aqui um pouco mais sobre um dos equipamentos. Para mais conteúdo de neurociências acesse o nosso blog.
Referências
Barreto, Ana M. "Eye tracking como método de investigação aplicado às ciências da comunicação." Revista Comunicando 1.1 (2012): 168-186.
Garry, J., Casey, K., Cole, T. K., Regensburg, A., McElroy, C., Schneider, E., ... & Chi, A. (2016). A pilot study of eye-tracking devices in intensive care. Surgery, 159(3), 938-944.
Tatler, B. W., Wade, N. J., Kwan, H., Findlay, J. M., & Velichkovsky, B. M. (2010). Yarbus, eye movements, and vision. i-Perception, 1(1), 7-27.
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