“Só descobrimos o amor verdadeiro quando temos um filho”.
Esta é uma frase muito citada por muitos pais, declarando o seu amor pelo filho! Por outro lado, muitos também afirmam que o estresse também está atrelado na criação do filho. A grande questão é que esse estresse dos pais pode trazer diversas adversidades na relação com o filho e na sincronia entre pai-filho.
Fonte: Psycology today
O estresse dos pais aparece quando os mesmos enfrentam dificuldades na criação do filho e, assim, ocorrem respostas psicofisiológicas contrárias ao papel dos pais. Diversos estudos mostram que o estresse excessivo pode causar diversos prejuízos na relação dos pais com o filho, desenvolvendo reações punitivas dos pais, impedimento da sensibilidade materna e danos na sincronia cérebro-cérebro da mãe e filho.
Um trabalho realizado, intitulado “Parenting Stress Undermines Mother-Child Brain-to-Brain Synchrony: A Hyperscanning Study” , avaliou o impacto que o estresse paterno pode ocasionar na sincronia entre os cérebros da mãe e filho e os danos que isso pode ocasionar ao desenvolvimento do bebê. Uma das etapas da pesquisa foi através de um experimento com fNIRS, no qual as mães se sentavam em uma cadeira com o filho no colo e ela assistia um vídeo como distração. Os vídeos apresentados as voluntárias variavam em complexidade, apresentando fundamentos como afinação do áudio, intensidade e valência enquanto assistiam desenhos infantis.
Fonte: Desenho experimental do projeto e NIRScout fNIRS
( Adaptado de Azhari et. al, 2019)
A sincronia é uma interação coordenada de sinais comportamentais e fisiológicos que refletem em uma sintonia entre pessoas próximas. Um estado emocional, comportamental e cognitivo, por exemplo, é compartilhado entre essas pessoas. No caso dos pais com os filhos, isso não é diferente, ocorrendo principalmente aos 3 meses de idade, nas interações face a face e essa sincronia está associada ao compartilhamento de emoções e engajamento mútuo, contribuindo para a auto-regulação emocional da criança e a resposta fisiológica adaptativa ao estresse social.
Agora que entendemos isso, voltamos ao experimento do trabalho. Como as mães assistiam o vídeo com seus respectivos filhos, eles experimentaram diversas interações sociais juntos e compartilharam experiencias emocionais. Pela análise do NIRS e processamento de dados, foi possível verificar que houve uma troca mútua de emoções fazendo com que eles desenvolvessem respostas semelhantes a diversas situações emocionais. Esse canal mãe-filho propõe uma comunicação mais aberta o que pode tornar relativamente mais fácil para expressar os sentimentos e, assim, facilitar a coordenação emocional. O fato da mãe estar estressada prejudica a abertura dessas trocas sociais, e isso pode inibir a formação de respostas emocionais sintonizadas nessa relação mão-filho.
Mesmo que o estresse dos pais foi medido de forma manual, através de um questionário ( o que limita o estudo), os resultados encontrados foram significativos para a análise dos efeitos do estresse parental. Sendo assim, podemos concluir que o estresse dos pais causam efeitos debilitantes aos filhos, que podem ser atribuídos a mecanismos neurofisiológicos específicos. Com o estresse, a sincronia inter-cerebral mãe-filho é reduzida no córtex pré-frontal medial esquerdo em atividades cotidianas, de atenção conjunta.
Isso pode nos dizer muita coisa: O bem estar psicológico da mãe é funtamental para a qualidade de um relacionamento mãe-filho e para o desenvolvimento da criança. Cuidar do seu filho é uma experiencia gratificante mas que também pode ocasionar estresse... tenha muito cuidado com isso! Os danos na relação com seu bebê podem ser duradouros, desde a sua relação com a criança até a forma como ele interage com o mundo!
Referências
Azhari, A., Leck, W.Q., Gabrieli, G. et al. Parenting Stress Undermines Mother-Child Brain-to-Brain Synchrony: A Hyperscanning Study. Sci Rep 9, 11407 (2019)
Nelson-Coffey, S. K., Katherine Nelson-Coffey, S. & Stewart, D. Well-Being in parenting (2019)
Noriuchi, M., Kikuchi, Y., Mori, K. & Kamio, Y. The orbitofrontal cortex modulates parenting stress in the maternal brain. Sci. Rep. 9, 1658
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