É sabido que durante o nosso dia recebemos estímulos de natureza variada o tempo inteiro, mesmo sem perceber. Os estímulos são captados, por meio dos receptores sensoriais que possuímos distribuídos em nosso corpo e então são enviados ao córtex por neurônios, onde serão processados e alguma decisão será tomada para responder a este input.
O fluxo dessas informações é feito por meio dos vias aferentes que conduzem as informações até o córtex; e vias eferentes que enviam a resposta para a região que responderá ao estímulo inicial - a resposta pode ser sensorial ou motora e depende de qual foi o estímulo recebido inicialmente. É dessa maneira que conseguimos interagir com o meio externo.
Sabendo que nosso corpo reage a diferentes tipos de estímulos, seria possível então provocar reações no córtex apenas por meio de uma estimulação visual?
A resposta a esta pergunta é sim! Quando estamos observando qualquer coisa que seja, os nossos olhos estão recebendo a luminosidade dos objetos e, consequentemente, isso já gera modificações nas células sensitivas do olho e nas respostas do nosso Sistema Nervoso. Mas agora fica outro questionamento, será que ao observar a ação de outras pessoas, nós podemos ter a sensação de que aquilo está sendo feito por nós?
Esse foi o objeto de estudo de dois neurocientistas italianos Giacomo Rizzolatti e Giacomo Di Pellegrino. Eles estavam realizando experimentos comportamentais com um grupo de macacos, visando separar a resposta à estímulos motores das atividades relacionadas a movimentos. Entretanto, para a surpresa dos cientistas, a região de interesse começou a apresentar grande ativação na ausência de movimento do animal, ou seja, embora permanecessem parados, a área estava agindo como se o macaco estivesse em movimento.
Os pesquisadores passaram a relacionar o aumento na atividade na região do córtex pré motor dos macacos com os movimentos dos próprios cientistas, isto é, quando os experimentadores realizavam algumas ações do cotidiano, como segurar a comida, comer, abrir a caixa de experimentos e apertar as mãos, os macacos tinham grande ativação no local em que os eletrodos haviam sido implantados.
Dessa maneira, foi possível chegar a células especializadas nos cérebros de algumas espécies capazes de serem estimuladas ao observar uma ação significativa de um ser de mesma espécie ou parente evolutivo. E, assim, passou-se a estudar uma nova classe de neurônios, os chamados neurônios espelhos, que recebem esse nome pelo fato de copiarem a ação orgânica do neurônio, isto é, o neurônio do observador age como se ele estivesse executando tal ação, como se estivesse de frente ao espelho (‘mirror’).
Sabendo agora da existência dessas estruturas, seria possível extrapolar as conclusões obtidas com modelos animais para nós seres humanos e afirmar que o comportamento de outras pessoas quando observados geram uma influência em nosso córtex?
As evidências com relação a atividade dos neurônios espelho no córtex humano ainda são controversas, entretanto alguns estudos já indicam a ação dessas estruturas em algumas porções do encéfalo por meio da utilização de eletroencefalograma e ressonância magnética funcional.
Um desses estudos foi realizado na Universidade Estadual de Tomsk, Rússia. Na ocasião, 31 pessoas foram submetidas a testes que consistiam em ouvir, pronunciar e pronunciar mentalmente duas palavras: “Um” e “dor”. Enquanto realizam os testes, os voluntários estavam sendo submetidos ao eletroencefalograma e, posteriormente, repetiam o experimento porém durante a realização da ressonância magnética funcional.
Foi percebido que ao ouvir a palavra “dor” as reações tanto no EEG quando no fMRI eram similares aos momentos em que os sujeitos falavam ou pensavam na palavra, ou seja, as regiões recrutadas eram similares e despertavam a mesma reação no córtex. Logo, o comportamento e fala do outro podem SIM influenciar o nosso comportamento.
Além disso, esses achados revelam que os neurônios espelho podem estar completamente relacionados ao sentimentos de empatia e dor para com os indivíduos de mesma espécie, o que pode contribuir para diversos outros estudos. Outro fator importante, é que no estudo em questão, foi utilizado um EEG de apenas 24 canais, caso a quantidade de canais fosse aumentado, será que resultados mais satisfatórios não seriam alcançados?
O eletroencefalograma é uma abordagem barata e não invasiva de se realizar experimentos tentando localizar padrões entre o comportamento de populações de neurônios. A Brain Support conta com equipamentos de eletroencefalografia que podem contribuir com os seus estudos e experimentos. Contamos com equipamentos de EEG 8, EEG 16, EEG 32 e EEG 64 para abarcar as regiões que você precisar.
Referências
Bushov, Y., Ushakov, V., Svetlik, M., Esipenko, E., Kartashov, S., Orlov, V., & Malakhov, D. (2020). Activity of mirror neurons in man in the observation, pronunciation and mental pronunciation of words. Procedia Computer Science, 169, 100-109.
Farina, E., Borgnis, F., & Pozzo, T. (2020). Mirror neurons and their relationship with neurodegenerative disorders. Journal of Neuroscience Research, 98(6), 1070-1094.
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