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O eletroencefalograma (EEG) é um exame que mede a atividade elétrica cerebral dos pacientes nas regiões superficiais do encéfalo. Por meio de uma série de eletrodos posicionados em uma touca vestível, o EEG é capaz de diagnosticar desordens como epilepsia, alterações de consciência e também alterações nos ritmos cerebrais. Sendo assim, mostra-se como uma ferramenta de suma importância para a rotina dos neurologistas e pesquisadores ao redor do mundo.
Todavia, nem sempre o EEG foi utilizado da mesma maneira por todos, o que acarretou uma série de incongruências nos estudos, conforme foi relatado por Silverman. Segundo ele, durante o primeiro encontro da comunidade de pesquisadores de EEG, percebeu-se a necessidade de um sistema padrão e único de posicionamento e ligação dos eletrodos, para que assim, todos os especialistas pudesse discutir e analisar as mesmas informações, reduzindo os erros. Assim, Dr. Herbert Jasper foi nomeado como responsável por estudar e obter um método padrão para posicionamento dos eletrodos baseando-se em quatro parâmetros: tamanho do crânio do paciente, cobertura total da cabeça, cobertura total das regiões cerebrais de interesse e incidência de atividade elétrica abaixo de cada eletrodo.
Dessa maneira, em 1958, o grupo do Dr. Jasper propôs um sistema baseado no posicionamento de 21 eletrodos, levando em consideração o tamanho do crânio do paciente e também as distâncias entre os pontos de captação. O sistema recebeu o nome de 10-20, justamente por utilizar valores de distância que correspondem a 10 ou 20% da seção do crânio, medidos a partir de pontos de referência. Assim, os eletrodos foram nomeados de acordo com a região do cérebro em que estavam cobrindo: Fronto-polar (Fp), Frontal (F), C (Central), P (Parietal), T (Temporal) e O (Occipital). Além disso, eles também foram numerados para possibilitar a distinção dos lados direitos e esquerdos, no qual, a direita são utilizados números pares, enquanto a esquerdo números ímpares. Já os que se posicionam exatamente na linha média, receberam a terminação Z (Zero): Fz, Cz, Pz. Aos localizados nas orelhas (Auriculares) foi dado o nome de A1 e A2, seguindo a mesma regra de numeração. O posicionamento pode ser visto na imagem abaixo.
Visando provar que os eletrodos correspondiam exatamente às regiões ditas, foram feitos experimentos com crânios de cadáveres. Primeiramente, os crânios eram medidos e recebiam marcações nas áreas de eletrodo, com base no sistema 10-20. Posteriormente, a experiência seguia para a perfuração dos crânios nas regiões marcadas até chegar ao tecido e, utilizando caneta permanente, a região cerebral recebia uma marcação. Por fim, o cérebro era removido da caixa craniana e, então, era analisado se as regiões marcadas correspondiam com as posições dos sulcos.
Devido ao sucesso nos experimentos que provaram a viabilidade do sistema 10-20, logo o método foi aprovado em eventos importantes, tornando-se popular e largamente utilizado pelo mundo, passando a ser nomeado como Sistema Internacional 10-20.
O Sistema Internacional 10-20 segue sendo extremamente utilizado nos dias de hoje tanto na clínica, na pesquisa e, principalmente, no desenvolvimento e aplicações de interfaces cérebro-máquina (ICM), fazendo com que seja possível interagir com qualquer dispositivo eletro-eletrônico por meio dos ritmos neurais captados via EEG; desde movimentação de avatares em ambientes virtuais a movimento de próteses.
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Referências:
Marinho, T. (2017). Recomendação da SBNC para localização de eletrodos e montagens de EEG. Disponível em: https://sbnc.org.br/wp-content/uploads/2015/05/1512584738_Norma_montagens_EEG_.pdf Acesso em: 11 fev. 2020
Silverman, D. (1963). The Rationale and History of the 10-20 System of the International Federation. American Journal of EEG Technology, 3(1), 17–22. doi:10.1080/00029238.1963.11080602. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00029238.1963.11080602 Acesso em: 11 fev. 2020
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