Você já parou para pensar que, se conseguirmos melhorar a educação das crianças, podemos revolucionar a economia, política e sociedade em um curto prazo?
Como o cérebro das crianças entendem o aprendizado no mundo real? Uma criança aprende mais através da linguagem com que falam com elas, relação com o professor ou com o conteúdo repassado? Desde a primeira infância, entre 0 a 6 anos, diversas visões da neurociência devem ser consideradas para contribuir no método de ensino do país e mundo.
As metodologias da neurociência já permitem novas abordagens para investigar como o cérebro responde a interações sociais dinâmicas do mundo real. Uma dessas metodologias, é no estudo da análise da atividade cerebral provocada através de estímulos audiovisuais, que podem envolver respostas emocionais e alterações cognitivas. Diversos estudos já comprovam que o aprendizado tem forte relação com a forma que o tutor transmite seu conhecimento, seja através de feedback positivo/negativo, através de dinâmicas ou no próprio ambiente gerado dentro da sala de aula.
Devido a ampla disponibilidade da tecnologia, nos distanciamos cada vez mais das pessoas fazendo o uso de celulares, assistindo cursos online, ficando apenas no whatsapp, etc. Atualmente, por exemplo, as aulas online são um tema de amplo debate (e divergência) devido aos malefícios que esta metodologia pode representar no sistema de ensino e aprendizado. Sabe-se que as interações “face-a-face” moderam a relação entre os fatores sociais e permite uma sincronia entre os envolvidos. Teoricamente, a aula presencial permite um aprendizado maior, mas, em contrapartida, duvido depende da linguagem e interação do professor com o aluno.
Você já ouviu falar sobre sincronia entre pessoas? Através de tecnologias como o NIRS e eletroencefalografia (EEG) foi possível verificar que existe uma sincronia cérebro-cérebro. Em outras palavras, uma criança que estiver na sala de aula pode sincronizar o seu cérebro com o professor e isso prevê uma retenção maior do conteúdo transmitido. Um trabalho realizado fez o uso do EEG para capturar a atividade neural de estudantes e professores e analisou os resultados de acordo com uma palestra realizada pelo professor e um vídeo didático apresentado aos alunos. Os parâmetros avaliados foram o desempenho do aluno através de exames, para verificar o conhecimento adquirido nessas variáveis, e a sincronia cérebro a cérebro entre o professor-aluno e aluno-aluno.
Como pode ser visto na figura acima, foi realizada a gravação de EEG antes e depois de um exame de avaliação (questionário) para avaliar a retenção do conteúdo da aula. O professor deu uma palestra e também apresentou vídeos e, desta forma, foi possível verificar qual o melhor meio de transmitir o conhecimento e também se existe uma sincronia na atividade cerebral entre todos os presentes na sala de aula.
Olha que interessante, os vídeos geraram maior rendimento dos estudantes e isso pode ter ocorrido em decorrência das diferenças dos estímulos gerados como, por exemplo, ter mais estímulos visuais nos vídeos. Por outro lado, o professor é um líder na sala de aula e o ambiente da sala de aula possui diversas características sensoriais e dinâmicas que aumenta a variabilidade em que os alunos podem receber e reter as informações.
Com os vídeos didáticos, não é possível obter a sincronia entre o professor e o aluno. Já no presencial, há essa sincronia pelo fato de que, mesmo que os vídeos podem ser mais interessantes, o professor pode ser mais “atrativo” para as crianças. Essa sincronia cerebral reflete no desenvolvimento da criança. Sabe porque isso ocorre? LINGUAGEM, EMOÇÕES E INTERAÇÃO.
Sabemos que estamos longe de oferecer o melhor sistema de educação para as nossas crianças. Existem diversos professores muito comprometidos sim, mas que não possuem uma base da neurociência e nem ferramentas para proporcionar um aprendizado de excelência. A forma como o professor se comunica com a criança, o olhar, a interação influência diretamente na ativação do seu sistema cognitivo. Ferramentas como NIRS e EEG devem ser inseridas no meio educacional, para obtermos melhores resultados do comportamento cognitivo.
Através de uma melhor conscientização e capacitação proporcionada pela neuroeducação, é possível proporcionar para as crianças, através do papel de líder do professor, um maior grau de interesse gerado por uma aula presencial (até melhor que um vídeo interativo) e, ainda, ter as vantagens da sincronia cérebro-cérebro atribuídas.
A revolução nos valores, que tanto reclamamos hoje, passa pelas crianças e educação! Economia, saúde, educação, política ... se proporcionarmos uma educação adequada para as nossas crianças, daqui 20 a 30 anos podemos apresentar melhorias significativas na sociedade.
Referências
Bevilacqua D, Davidesco I, Wan L, et al. Brain-to-Brain Synchrony and Learning Outcomes Vary by Student-Teacher Dynamics: Evidence from a Real-world Classroom Electroencephalography Study. Journal of Cognitive Neuroscience. 2019 Mar;31(3):401-411
Curley, J. P., & Ochsner, K. N. (2017). Neuroscience: Social networks in the brain. Nature Human Behaviour, 1, 0104
Parkinson, C., Kleinbaum, A., & Wheatley, T. (2018). Similar neural responses predict friendship. Nature Communications, 9, 332
Poulsen, A. T., Kamronn, S., Dmochowski, J., Parra, L. C., & Hansen, L. K. (2017). EEG in the classroom: Synchronised neural recordings during video presentation. Scientific Reports, 7, 43916
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