A pandemia do COVID-19 que teve impacto global em diversos aspectos, como esperado, também gerou consequências na educação, pois, para ajudar a conter a propagação da doença, as escolas de boa parte do mundo fecharam, afetando em torno de 1,6 bilhão de alunos. Porém, para minimizar esses impactos, os governos e as partes interessadas na educação adotaram a estratégia de continuar a aprendizagem das crianças, utilizando outros meios, principalmente a adoção de ferramentas digitais.
As aulas remotas embora sejam a ideia mais viável no momento, não foram tão bem aceitas por alguns professores e pais, principalmente pela falta de preparo para tal medida, ambos relatam grandes dificuldades nessa nova metodologia de ensino, além de que, muitos educadores relatam trabalharem muito mais que o normal (em torno de 12h diárias) com a produção de conteúdo, inclusão na plataforma, aulas online, etc. Além disso, muitos pais destacam que é difícil manter a concentração das crianças na aula remota. Mas, afinal, seria mais viável suspender o ano letivo ou gerar uma adaptação a essas novas metodologias?
As crianças nos seus primeiros anos de vida estão em constante processo de desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, e a educação possui um papel fundamental nesse contexto. Isso pode ser comprovado, por exemplo, quando compara-se crianças que não tiverem acesso à educação com as que tiverem, e as diferenças no seu desenvolvimento. Dessa forma, mesmo diante das dificuldades, pensando no desenvolvimento infantil funcional, tentar se adaptar a essa nova forma de ensino é uma das estratégias mais viáveis e que minimizam os impactos gerados pela suspensão das aulas.
Alguns métodos podem ser adotados para que os pais consigam ajudar as crianças nessa adaptação, fazendo eles se sentirem no ambiente acadêmico, como por exemplo:
- Criar um ambiente único para a criança assistir as aulas, se possível, sempre no mesmo local, e formata-lo da maneira mais parecida possível com a sala de aula;
- Vestir o uniforme da escola na criança;
- Fazer a retirada de elementos distratores enquanto a criança está assistindo aula para que ela não mude o foco atencional;
- Traçar rotina de estudos e de atividades escolares para criança igual era feito antes da pandemia, revendo atividades diariamente de modo a evitar acumulação de conteúdo;
- Incentivar momentos de socialização com os colegas de sala no período pós aula;
- Não interromper a criança no momento da aula e evitar fazer barulhos próximos ao local;
- É importante fazer a criança entender que ela não está de férias, mas, que apenas ela não está podendo ir à escola presencialmente, mas, seus deveres e obrigações continuam da mesma forma;
Os professores também podem adotar algumas estratégias que ajudem ao aprendizado dos alunos e eles manterem interesse pelas aulas:
- Cumprimentar a criança. Dessa forma, ele se sente “visto”, dá uma ideia de pessoalidade e de presente, e não de algo distante como um filminho que ele vê na televisão;
- Revisar os combinados com as crianças. Por exemplo: pontualidade, ficar sentado na hora da aula, não ligar outros aparelhos domésticos, evitar comida durante a aula, levantar a mão quando precisarem falar. Ou seja, as mesmas regras que a criança tinha que cumprir se estivesse no ambiente escolar;
- Instigar a curiosidade da criança. Mostrar os elementos que vão usar na aula (pinceis, tinta, etc.) e fazer com que ele sinta que vai ser interessante permanecer até o final;
- Oferecer um tempo de socialização inicial para as crianças, isso serve para eles se sentam mais próximos aos coleguinhas, mesmo que rápido eles podem, por exemplo, mostrar um pouco do cantinho que estão estudando, das coisas que veem feito na quarentena, etc.;
- Contar histórias e não terminar, isso serve para a criança querer assistir a próxima aula para saber o final da historinha, incentivando sua curiosidade;
- Manter a criança sempre ativa no processo, é importante fazer perguntas, pedir para que um leia e outro continue, resolver a atividade juntos, etc. Sempre fazendo com que a criança se sinta parte da aula e evitando que fique entediada.
- Fazer chamada todas as aulas, de forma a incentivar o compromisso da criança e até mesmo dos pais com o horário dedicado ao aprendizado
- Dar a oportunidade de todos darem “tchau”, para que todo mundo tenha a ideia de fechamento do ciclo. E é importante também começar e acabar no mesmo horário.
O ser humano têm uma grande capacidade de adaptação, e a plasticidade cerebral têm trabalhado muito a nosso favor. Sabe-se que a repetição, habituação, treino constante de habilidades e ferramentas, nos ajudam a desenvolver maneiras de se “adequar” ao novo. Esse é um período de se reinventar, se readaptar e “abusar” de tudo que nosso CÉREBRO É CAPAZ DE FAZER!!!
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Em tempos de Corona vírus Saiba: Decisão consciente não fere o inconsciente.
Na verdade leva-o a prática da plasticidade cerebral (Valdinei Arruda).
Referências
BOZKURT, Aras; SHARMA, Ramesh C. Emergency remote teaching in a time of global crisis due to CoronaVirus pandemic. Asian Journal of Distance Education, v. 15, n. 1, 2020.
DREESEN, Thomas et al. Promising practices for equitable remote learning Emerging lessons from COVID-19 education responses in 127 countries. 2020.
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