A ciência por trás da fome.

Wednesday, 12 de January de 2022

Você já parou para pensar por quais razões muitas vezes comemos sem sequer ter fome? Ou até mesmo já se pegou desejando algo doce mesmo quando estava de estômago vazio? Pois é, essas sensações são geradas por substâncias produzidas por neurônios, os neurotransmissores. 

A fome em si é um mecanismo que garante ao organismo uma forma de repor as energias perdidas, para que assim, seja possível realizar as atividades metabólicas basais do corpo. Através da liberação da dopamina, essa sensação é compreendida pelo cérebro e modula o nosso comportamento para buscar alimento.  Por outro lado, um outro neurotransmissor, chamado de opióide, acaba por “solicitar” que o corpo também se alimente, porém com alimentos que são considerados mais saborosos e muitas vezes mais calóricos. Assim, este último é um dos responsáveis pelas compulsões alimentares.


Todas essas solicitações por nutrientes partem de diferentes regiões do corpo que convergem para uma única estrutura na base do cérebro: o hipotálamo. Ao identificar a carência de alimento, as células adiposas do corpo em conjunto com o estômago e os intestinos diminuem as concentrações hormonais de leptina, PYY e colecistoquinina e aumentam as concentrações grelina, que agem diretamente na área hipotalâmica lateral, assim, o indivíduo tem a sensação de fome. 

Já ao perceber que há alimento o suficiente no organismo, a situação de inverte: a grelina reduz sua concentração, enquanto PYY, colecistoquinina e leptina se elevam, gerando assim a sensação de saciedade que é desencadeado no núcleo ventromedial do hipotálamo. 


Disfunções nessas vias hipotalâmicas ou na produção dos hormônios citados são muitas vezes causas de distúrbios alimentares, que implicam em aumento ou perda de peso de maneira desordenada. 


Portanto, pode-se dizer que a fome tem origem no cérebro e, a partir de todo o caminho detalhado aqui, que essa sensação chega aos nossos órgãos. Por este motivo, devemos ter atenção a qualquer sinal de distúrbio alimentar, pois pode significar algum dano em nossas estruturas cerebrais.


Quer saber um pouco mais sobre neurociências e comportamento humano? Acesse os nossos blogs!


Referências

HAASE, Lori; GREEN, Erin; MURPHY, Claire. Males and females show differential brain activation to taste when hungry and sated in gustatory and reward areas. Appetite, v. 57, n. 2, p. 421-434, 2011.


Nishio et. al. A neurobiologia do apetite: Fome como um vício. Nanocell., 2015

 

The content published here is the exclusive responsibility of the authors.

Autor:

João Paulo Bezerra Fernandes

#neuroscience #socialinteraction #neurocognition #attentionperceptionaction #stresslearningbullying #culturalneuroscience