Motivação ou estado motivacional é um impulso interior que nos leva a comportamentos que garantem a nossa sobrevivência, em primeira instância. Esse estado corporal, em muitos casos, não está atrelado a funções cognitivas ou emocionais. Eles nos levam a realizar tarefas que estão correlacionadas ao prazer e a homeostase corporal. Suas funções executivas são conhecidas como comportamentos motivados, pois são o resultado de uma motivação interna. Mas, qual a função do hipotálamo no controle dos estados motivacionais na sobrevivência da espécie humana?
A fome, a sede, o frio e o calor são grandes exemplos de estados motivacionais que funcionam como estados de alerta para os indivíduos. Todos esses sinais são gerados com o objetivo de manter a homeostase corporal. Entende-se por homeostase a capacidade que o corpo humano apresenta de manter o equilíbrio hidroeletrolítico e térmico entre o meio intra e extracelular de forma a garantir a sobrevivência dos seres vivos. Estes conjuntos de fenômenos fisiológicos são considerados estados motivacionais elementares.
Entretanto, outros estados motivacionais não estão relacionados a motivações elementares, mas podem ter relação com necessidades fisiológicas ou aspirações subjetivas, como por exemplo, o sexo e o anseio por objetos materiais. Neste caso, a busca pelo prazer é considerada também uma motivação interna característica principalmente da espécie humana. Portanto, o prazer também é um estado motivacional.
Já os comportamentos motivados são gerados por um estado de alerta corporal que levam a tomadas de decisões com o objetivo principal de reduzir a tensão inicial ou gerar uma sensação de bem-estar. Eles são os resultados das ações dos estados motivacionais. Logo, todas as necessidades internas humanas levam a comportamentos cuja principal finalidade são: a homeostasia e a busca pelo prazer.
Dessa maneira, com o objetivo de explicar os fenômenos que estão associados aos estados motivacionais e aos comportamentos motivados, neurocientistas realizaram um série de estudos neurobiológicos que mostram a correlação com a ativação do hipotálamo.
O hipotálamo é uma estrutura diencefálica que se localiza abaixo do tálamo. Formado por um conjunto de núcleos e feixes, o hipotálamo se comunica com estruturas importantes do sistema nervoso central (SNC), sistema nervoso autônomo (SNA) e o sistema endócrino. Responsável pelo controle da temperatura corporal, da homeostase, centro da fome e da sede, esta pequena região também secreta hormônios que controlam diretamente a hipófise e indiretamente diversos órgãos vitais.
Estudos científicos revelam que lesões no hipotálamo podem levar a quadros de extrema desmotivação, tais como, afagia (interrupção da ingestão de alimentos) e adipsia (interrupção da ingestão de líquidos), ocasionando a perda ou inibição da motivação interna. Em contrapartida, experimentos com estimulação elétrica cerebral ou infusão de neurotransmissores mostram que pequenas descargas elétricas na região hipotalâmica estimulam o hipotálamo ocasionando a realização de comportamentos motivados.
Em estudos posteriores cientistas observaram que estados motivacionais de prazer estariam associados ao sistema mesolímbico e as fibras feixe prosencefálico medial, principalmente as vias dopaminérgicas.
Dessa maneira, os cientistas chegaram à conclusão que o hipotálamo é o centro ordenador de comportamentos motivados ou o grande coordenador da homeostasia corporal.Sua função é vital para regular os mecanismos de equilíbrio térmico e hidroeletrolítico corporal, possibilitando as funções orgânicas que garantem a sobrevivência dos indivíduos.
Referências:
HAHN, Joel D. et al. Current Views of Hypothalamic Contributions to the Control of Motivated Behaviors. Frontiers in systems neuroscience, v. 13, 2019.
LENT, ROBERTO. Cem Bilhões de Neurônios?(2ª edição). 2010.
MACHADO, Angelo BM. Neuroanatomia funcional. In: Neuroanatomia funcional. 1985. p. 292-292.
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